RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Petrobras aprovou nesta terça-feira (19) etapa que libera o início das obras dos primeiros navios encomendados a estaleiros brasileiros sob terceiro governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que promete novamente revitalizar a indústria naval brasileira.

Cerca de seis meses após assinatura do contrato, que foi celebrada em cerimônia com Lula em meados de fevereiro, a estatal aprovou sua eficácia, o que permite a liberação da primeira parcela de recursos ao consórcio vencedor da licitação, formado pelos estaleiros Rio Grande e Mac Laren.

São quatro navios para o transporte de combustíveis, encomendados por R$ 16,5 bilhões pela Transpetro, subsidiária logística da estatal. Não há mais chance de entrega de nenhum deles no mandato atual, já que o contrato dá ao consórcio 999 dias para finalizar a primeira embarcação.

O presidente da Transpetro, Sergio Bacci, disse nesta terça, porém, que vai trabalhar para que um deles seja ao menos lançado ao mar ainda nesta gestão. "É evidente que não é um prazo fácil de se cumprir", afirmou ele, na feira Navalshore.

"Mas eu tenho certeza que teremos boa vontade dos estaleiros também, porque é um marco importante", completou. O lançamento ao mar é feito com o navio ainda inacabado, mas já em condições de flutuar, para liberar espaço no dique para a montagem de outro casco.

Lula e sua sucessora, Dilma Rousseff, participaram de diversas cerimônias de lançamento de navios durante os primeiros governos petistas, que apostaram na retomada da indústria naval como fator de geração de empregos.

A mais polêmica delas envolveu o navio João Cândido, primeiro petroleiro construído em Pernambuco, que foi lançado ao mar apressadamente em 2010 para garantir palanque à campanha de Dilma e depois passou mais dois anos no estaleiro até ser concluído.

O contrato com o consórcio formado por Rio Grande e Mac Laren prevê que quase todas as obras serão feitas em Rio Grande (RS), com finalização nas instalações do Mac Laren em Niterói (RJ). Após a primeira entrega, o consórcio terá seis meses para concluir cada navio restante.

Com a declaração da eficácia do contrato nesta terça, a Transpetro pagará o sinal, que representa 5% do valor total do contrato, o equivalente a R$ 80 milhões. O restante e liberado de acordo com o avanço físico das obras.

Esta primeira licitação sob Lula 3 teve apenas um consórcio interessado. O mesmo ocorreu com uma concorrência para a compra de quatro barcaças para o transporte de combustíveis aberta este ano, que acabou sendo cancelada porque o único consórcio que apareceu ofereceu preço acima do esperado.

A Transpetro reabriu a licitação, oferecendo todas as 20 barcaças previstas por seu plano de estreia nesse segmento, esperando que a maior escala reduza o preço unitário de cada embarcação.

Bacci afirmou que espera concorrência também para dois leilões de navios gaseiros lançados em fevereiro. "Tem muitos estaleiros consultando [informações sobre a licitação]. Então, a gente acha que terá mais estaleiros participando do processo licitatório."

O prazo para a entrega de propostas foi adiado duas vezes: agora, é 22 de setembro. A Transpetro prevê lançar uma nova licitação para quatro navios de combustíveis ainda em 2025 e tenta emplacar outros nove em 2026, mas os leilões dependerão do novo plano de negócios da Petrobras.

A estatal está revendo o plano para adequar seus investimentos a um cenário de petróleo mais barato. "Todas as áreas apresentam suas demandas no plano estratégico. E aí, a partir daí, nós vamos discutir o que é mais prioritário para o sistema Petrobras ou não", disse Bacci.

"É evidente que eu vou defender as embarcações da Transpetro", afirmou. "Mas eu não vou fazer cavalo de batalha com isso, muito pelo contrário. Se a presidente Magda [Chambriard] achar que é bom para o sistema Petrobras, terá o apoio da Transpetro".