Casal pernambucano investiu em produção da iguaria da gastronomia local na capital paulista e hoje produção atinge a marca de dois mil quilos por semana

Por:Luciana Morosini

Fonte:diariodepernambuco.com.br

Um negócio de sucesso nem sempre nasce de um grande investimento, já que dinheiro não é a única solução para empreender. Às vezes, basta uma boa ideia e força de vontade para colocar a mão na massa. Há 20 anos, Oliveira Joaquim Cristovam e Karla Ferreira de Moraes namoravam e não viam muitas perspectivas na vida profissional no Recife. Na época, ela produzia bolo de rolo em pequena escala para vender e, do convite de uma tia que estava de mudança para São Paulo, surgiu a ideia de comercializar a iguaria pernambucana na capital paulista. Deu certo. Hoje com fábrica própria, distribuição para grandes redes de supermercados e lançamento de um braço voltado para eventos, eles costumam dizer que a produção da Casa do Bolo de Rolo, que atualmente chega a dois mil quilos por semana, cresceu de 1% para 1000% ao longo desses anos.

Os tios de Karla, Milton Chaves Ferreira Júnior e Kilma Veloso, iam se mudar para São Paulo, já que ele tinha conseguido um emprego lá. Foi quando Kilma deu a sugestão de Oliveira e a esposa levarem a produção de bolo de rolo para lá. "A gente teve todo o respaldo financeiro, eles realmente acreditaram no nosso produto e montaram o negócio para nós", conta Oliveira. O início não foi fácil, principalmente porque, naquela época, o produto não era tão difundido fora de Pernambuco. "Hoje ele é conhecido nacionalmente, mas antes as pessoas confundiam com rocambole e a gente tinha que ficar explicando as diferenças. Gastamos muita saliva para convencer os paulistas que a gente oferecia um bolo diferenciado", completa.

Marca está testando uma receita do bolo sem glúten. Foto: Casa do Bolo de Rolo/Divulgação
Marca está testando uma receita do bolo sem glúten. Foto: Casa do Bolo de Rolo/Divulgação

Além da dificuldade de introdução do produto no mercado de São Paulo, também faltava ao casal know how na gestão. "A gente começou a procurar uma casa para morar e trabalhar no mesmo lugar e acabamos ludibriados pela imobiliária, que disse que o imóvel era comercial, mas era residencial. Na hora que pedimos o alvará, foi indeferido", detalha. Neste meio tempo, Oliveira e Karla tinham ido no Pão de Açúcar e estavam em processo para iniciar a distribuição para a rede de supermercados. "A gente buscou o contato de quem escolhia os fornecedores, conseguimos e ele adorou nosso produto. Aí a gente teve que correr atrás de outro imóvel que fosse apropriado, além de outros quesitos que eram exigidos pela rede, como código de barras", explica.

Esses foram os primeiros passos para consolidar a produção na capital paulista. À princípio, o casal precisou levar funcionários de Pernambuco para lá, já que a produção do bolo de rolo é bem específica e exige cuidado. "No começo, era uma produção ínfima, com três empregados. Apesar de estar vendendo para uma das maiores redes varejistas do país, não fornecíamos para todas as lojas", diz. Mas o movimento foi crescendo, eles tiveram que buscar um imóvel exclusivo para a produção do bolo de rolo, a empresa chegou a contar com 33 funcionários e, com o negócio já próspero, o casal passou a investir em outras frentes de atuação.

Naked cake de bolo de rolo é uma das novidades. Foto: Casa do Bolo de Rolo/Divulgação
Naked cake de bolo de rolo é uma das novidades. Foto: Casa do Bolo de Rolo/Divulgação
Casal reinventa os negócios com novos produtos

Com o crescimento do negócio, Oliveira e Karla precisaram profissionalizar a produção da Casa do Bolo de Rolo. Hoje, a empresa conta com uma fábrica própria em São Caetano do Sul com área de 500 metros quadrados e produção de oito mil quilos do produto por mês. Além disso, o casal também já expande o negócio para outras áreas de atuação. Agora eles lançaram o braço mais voltado para festas e passaram a produzir o naked bolo de rolo, que tem feito sucesso nos eventos sociais paulistas. Outra novidade é que eles também começaram a testar um bolo de rolo sem glúten e devem colocar em produção em escala maior em breve.

A Casa do Bolo de Rolo continua atendendo ao Pão de Açúcar, além de padarias e docerias de São Paulo, porém os empresários resolveram investir também no ramo de festas. "A gente continua vendendo no atacado, mas estamos também canalizando a empresa para o nicho de festas porque vendemos mais caro e o retorno é mais rápido", explica Oliveira, ressaltando que, pela versatilidade e delicadeza do produto, os pedidos vão desde casamento, 15 anos, batizados, entre outros eventos. Para incrementar, Karla agora está se especializando em fazer renda e flor de açúcar para agregar valor aos naked cakes.

Outro nicho está se criando dentro da empresa e este surgiu por um acaso, mas já desperta a atenção do casal de empresários. "Uma cliente que costumava comprar bolo conosco adquiriu intolerância a glúten e pediu para que a gente fizesse um bolo sem a substância. Aceitamos o desafio e ela adorou. Agora já estamos testando a receita para começar a produzir também", afirma Oliveira. A produção vai acontecer dentro da mesma fábrica, porém em um espaço reservado para o produto específico, já que não pode haver o risco de contaminação.

Pedidos diferenciados dos clientes costumam ser atendidos, desde que não seja nada além do bolo de rolo, especialidade da casa. "Os consumidores sugerem que a gente fabrique outras coisas, mas a gente quer se dedicar exclusivamente ao bolo de rolo. Foi assim que o negócio cresceu, que a gente se especializou, montamos a fábrica, temos todos os alvarás funcionando e agora também o know how. A gente se profissionalizou principalmente porque também nunca deixamos de primar pela qualidade, somos fiéis aos insumos, usamos goiabada caseira. Acabamos criando um padrão fiel à origem do bolo de rolo, a gente representa muito bem essa iguaria de Pernambuco", conclui.