A usina da Usiminas em Ipatinga, no Vale do Aço, volta a operar a pleno vapor em junho, com a conclusão da reforma do alto-forno 2. Enquanto afina os ajustes para a retomada, a siderúrgica comemora bons resultados recentes.


No primeiro trimestre deste ano, o lucro foi de R$ 1,2 bilhão. De janeiro a março, a venda de aço chegou a 1,25 milhão de toneladas – maior volume desde 2015. Paralelamente aos investimentos em infraestrutura, o grupo traça planos para a próxima década.

“Todo o nosso trabalho e visão de futuro está alinhado a este momento, de preocupação com o futuro em função das mudanças climáticas, e de mobilização entre países para construir soluções”, diz, ao Estado de Minas, o presidente da companhia, Sergio Leite. Na semana passada, a Usiminas assinou o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre crescimento sustentável.
 
Sergio Leite projeta, para os próximos meses, volume de vendas similar ao visto até março. “Para o segundo trimestre, e anunciamos ao mercado, estamos prevendo o mesmo ritmo, com produção e venda entre 1,2 milhão e 1,3 milhão de toneladas de aço”, afirma. Se o ritmo for mesmo mantido, a Usiminas pode fechar o ano com cerca de 5 milhões de toneladas de aço vendidas.

Na mineração, a companhia deve descontinuar a última barragem em funcionamento ainda neste ano. A ideia é implantar um sistema de empilhamento a seco. “Estaremos entre as principais minerações de ferro que não operarão com barragens”, sustenta Leite.
 
Em 2020, a Usiminas registrou lucro líquido recorde em 11 anos; no primeiro trimestre de 2021, houve ligeira queda. Ainda assim, a curva continua ascendente. O que explica essa tendência?
 
Em 2020, apresentamos Ebitda de mais de R$ 3 bilhões — o melhor dos últimos 12 anos da empresa. No primeiro trimestre, apresentamos Ebitda de R$ 2,4 bilhões, o melhor índice trimestral dos anos 2000. Estamos muito satisfeitos de poder levar, ao mercado e à sociedade, esses resultados, que representam um trabalho muito forte da equipe Usiminas. Apresentamos, no primeiro trimestre, lucro bastante significativo: R$ 1,2 bilhão, o que é superior ao (valor) do ano passado. Estamos trabalhando fortemente na visão de longo prazo, 2020-2030.
 
Nosso grande objetivo é construir o que vai ser a Usiminas em 10 anos. Nisso, estamos muito alinhados a este momento da humanidade. Vivemos a Cúpula do Clima, que envolve 41 chefes de estado.

O Brasil apresentou as suas metas para 2025, 2030 e 2050 no que se refere a desmatamento ilegal e emissões de carbono. Todo o nosso trabalho e visão de futuro está alinhada a este momento, de preocupação com o futuro em função das mudanças climáticas, e de mobilização entre países para construir soluções.

Quanto deve ser gasto no alto-forno 3? Qual o cronograma da obra? O que a Usiminas pretende com essa intervenção?


Temos, na usina de Ipatinga, três altos-fornos. A partir de 1º de junho, estaremos com os três em operação (o segundo terá a reforma concluída no meio do ano). São equipamentos-chave na siderurgia. A cada quinze ou vinte anos, são feitas reformas. Estamos planejando a reforma do alto-forno 3 para o ano que vem, em investimento de R$ 1,8 bilhão, bastante significativo, que é desembolsado ao longo de alguns anos.


No primeiro trimestre, a Usiminas vendeu 1,25 milhão de toneladas de aço, o melhor resultado desde 2015. O que explica o crescimento da demanda mesmo em tempos de pandemia?


O crescimento da demanda está intimamente ligado ao crescimento da economia. O Brasil, sem dúvidas, está crescendo. A perspectiva de crescimento do PIB para este ano é superior a 3%. O consumo de aço está crescendo. O Instituto Aço Brasil divulgou (que o) consumo de aço no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, foi mais de 25% superior. Em função desse crescimento, tivemos, somando os mercados interno e externo, venda de 1,25 milhão de toneladas. Isso, se anualizado, representa ritmo de 5 milhões de toneladas. Para o segundo trimestre, e anunciamos ao mercado, estamos prevendo o mesmo ritmo, com produção e venda entre 1,2 milhão e 1,3 milhão de toneladas de aço.


Quais as diretrizes do projeto para o fim das barragens e o início do uso do empilhamento a seco de rejeitos da mineração?


Trabalhamos com mais intensidade ainda, desde o ano passado, na sustentabilidade. Temos uma gerência sobre o tema e assumimos, com sociedade e mercado, compromisso com seis metas da Agenda de Responsabilidade Ambiental, Social e Governança. A situação da mineração de Minas é muito especial. Tínhamos três barragens na Mineração Usiminas. Uma foi descaracterizada em janeiro de 2021. Estava desativada desde 2016. Outra, vai ser descaracterizada em janeiro de 2022 – também desativada desde 2016. Neste ano, vamos desativar nossa última barragem. Passaremos a operar com o sistema de filtragem e empilhamento a seco de rejeitos. Estaremos entre as principais minerações de ferro que não operarão com barragens. Até o fim do ano, a Usiminas não fará mais a utilização de barragens. Vamos estar no “estado da arte” em termos de tratamento de rejeitos.


Como tem sido o desempenho da plataforma de vendas diretas, pela internet? Isso tem ajudado a dar fôlego à companhia em tempos de pandemia?
Lançamos essa plataforma virtual de vendas em março. É muito simples e pode ser operada por um aplicativo de celular. Você realiza compras de qualquer volume e fecha, pelo próprio app, as transações. Isso nos permite atingir consumidores em todos os níveis de volume (de compras de aço). Pretendemos dar um impulso muito grande à Soluções Usiminas, que já é o maior centro de serviços e distribuição de aços planos no Brasil.


O senhor demonstra otimismo com o cenário econômico. O que fazer para a plena retomada da economia nacional? Apenas a vacinação em massa pode impulsionar totalmente o setor siderúrgico?


Vivemos, no Brasil, apesar da pandemia, cenário de crescimento econômico. O Brasil tem potencial muito grande e inúmeras carências. Dentro do contexto atual, sem dúvidas, a vacinação de toda a população, o que deve ocorrer antes do fim do ano, representa um impulso para a economia, pois vai dar maior proteção à vida e à saúde das pessoas. Precisamos, também, de agilizar a reforma tributária, que está indo lentamente até por causa da pandemia – e o impedimento da presença de parlamentares em Brasília. Precisamos da reforma administrativa e acelerar o processo de privatizações. Tivemos resultados muito bons nas últimas semanas, mas precisamos agilizar.