A indústria da construção, uma das mais afetadas pela crise econômica no Brasil, fechou 600 empresas e viu sua receita encolher em mais de R$ 120 bilhões em dois anos. É o que aponta uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o levantamento, em 2016 a atividade de construção faturou R$ 318,7 bilhões no país – R$ 126,2 bilhões a menos que em 2014, quando a receita bruta foi de R$ 444,9 bilhões.
No mesmo período, o total de empresas ativas no setor caiu de 127,9 mil para 127,3 mil. O número de empregados no setor também caiu nestes dois anos, passando de 2,89 milhões em 2014 para 2,01 milhões em 2016, o que representa uma redução de 880 mil vagas.
Embora tenha diminuído o número de empregados, o setor passou a pagar salários menores, segundo a pesquisa. O salário médio mensal, já descontada a inflação do período, era de R$ 2.354 em 2014 e caiu para R$ 2.235,16 em 2016 – uma redução de 5,05%.
Redução de obras de infraestrutura
A pesquisa do IBGE mostrou que dentre as três categorias que a atividade de construção engloba, a de obras de infraestrutura foi a única que perdeu participação na composição da receita bruta do setor nestes dois anos de crise.
Em 2014, as obras de infraestrutura respondiam por 38,3% do faturamento do setor. Em 2016, esse percentual caiu para 31,1%. Em contrapartida, no mesmo período a participação da atividade de construção de edifícios passou de 43,9% para 48,4%, e a de serviços especializados, de 17,8% para 20,5%.
As obras de infraestrutura englobam a construção de rodovias, ferrovias, obras urbanas, além de obras para os setores de energia elétrica, telecomunicações, água, esgoto e transporte por dutos. Assim, a queda da participação desta atividade na indústria da construção pode estar relacionada com o corte de gastos do governo, principal responsável por este tipo de obras.
Essa redução de obras de infraestrutura impactou diretamente no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2016, quando recuou 3,6%, marcando a pior recessão da história do país. Naquele ano, a indústria geral recuou 3,8%, refletindo o corte de gastos dos governos federal, estaduais e municipais na realização de obras públicas.