Do Infomoney - Existe uma máxima no mercado financeiro de que o câmbio é um destruidor de reputações. Isso porque este é um ativo dependente de muitas variáveis e que costuma mudar de rumo com frequência, fazendo com que muitos economistas errem suas projeções ou mudem muitas vezes durante um ano.
Mas existem aqueles especialistas que conseguem acertar para onde a moeda vai, e o Banco Central tem uma metodologia para destacar estas façanha: é o "Top 5" do Focus. O relatório, apesar de ser semanal trazendo as perspectivas do mercado para a economia, também faz uma compilação em que aponta as instituições que mais acertaram no ano.
E para alguns destes economistas que mais se aproximaram de acertar o câmbio em 2018, este ano será de grandes desafios, e dificilmente o dólar deverá cair a níveis menores do que o atual de R$ 3,70. Para o economista Luis Afonso, da Mapfre Investimentos, que ficou em primeiro lugar no "Top 5" do BC no câmbio de longo prazo, a moeda norte-americana deve fechar o ano próxima dos R$ 4,00.
"2019 terá bastante volatilidade e muitas coisas, principalmente no exterior, ainda estão por vir", disse ao InfoMoney. "Acho difícil o dólar cair. Não posso dizer que não podemos ter momentos em que o preço recue, mas não faz sentido o dólar cair neste cenário", explica.
Afonso vê o cenário externo como o principal condutor deste ajuste da moeda ao longo deste ano e aponta três fatores de risco: 1) crescimento mais fraco da economia dos EUA; 2) maior protecionismo com a disputa entre EUA e China; e 3) desaceleração maior que o esperado da China. "Se apenas um destes fatores começar a dar sinais mais fortes, o mercado deve reagir mais forte", afirma.
Já para Bruno Lavieri, economista da 4E Consultoria, que ficou em segundo lugar na categoria curto prazo, um combinação de cenário doméstico e externo está mexendo com o mercado. Para ele, um otimismo com a reforma da Previdência e uma visão condescendente com o Fed em seu discurso de flexibilizar o ajuste monetário foram os fatores que fizeram o dólar cair em janeiro e estão sustentando os níveis atuais. Mas isso não deve durar.
"Projetamos o câmbio a R$ 4,00 ao fim do ano, fruto de um ajuste de expectativas principalmente doméstico – associado a uma frustração quanto ao teor da reforma que deve ser aprovada –, mas também externo, já que o Fed dificilmente conseguirá sustentar o atual nível de juros por um período mais longo", afirma o economista.
Apesar disso, Lavieri reforça que será a reforma da Previdência o fator mais relevante, e não só em termos de câmbio. "Muito do crescimento econômico dos próximos anos depende do choque de confiança associado à reforma", explica ele, ressaltando ainda que o câmbio seria apenas um termômetro dessa expectativa. "Quanto mais forte a reforma, maior será o crescimento futuro e menor será a taxa de câmbio", completa.