Brasília – O economista e cientista político Luiz Carlos Bresser Pereira concedeu entrevista à TV 247 nesta semana dissertando sobre o seu novo livro "Em Busca do Desenvolvimento Perdido", que aborda os novos elementos do novo desenvolvimentismo. Ele afirma que, para o País sair da estagnação e atraso, um modelo econômico baseado nos pilares do novo desenvolvimentismo é fundamental, pois "o Brasil está igual a família que vende tudo evitando despejo".
Bresser, que também é professor emérito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), introduz em seu livro que o Brasil obteve um extraordinário crescimento econômico até 1980, depois ocorreu uma queda até em 2014, quando entrou numa grave recessão.
O economista concorda que é preciso manter a demanda agregada, como dizem os keynesianos e reindustrializar o Brasil, como defendem os desenvolvimentistas, mas ressalta em seu livro que é preciso ir além e questionar a taxa de juros sempre elevada, a taxa de investimentos baixa, uma taxa de câmbio sempre apreciada em longo prazo e a indústria que está desaparecendo no País.
Ele compara em números o abismo existente entre a economia brasileira e a chinesa. "Em 1980, o Brasil tinha 3,5% da produção industrial global, hoje tem 2%. A China, em 1990, tinha 2%, hoje tem 24%".
Bresser Pereira cita o modelo chinês como exemplo de sucesso. "O regime de produção da potência asiática baseia-se no desenvolvimentismo, enquanto o Brasil, desde o ex-presidente Collor, mudou sua política econômica para liberal, perdendo o controle sobre a economia", compara.
"Não existe outro lugar que tenha crescido tanto quanto a China, o País cresce entre 8 a 9%, todos os anos, desde 1980, é uma loucura", avalia o economista.
Bresser Pereira afirma que no novo modelo de desenvolvimentismo, a política industrial é importante, mas não é o que distingue. "É essencial que as taxas de juros, câmbio, salários e inflação sejam bem administradas, para garantirmos o crescimento do País, principalmente os países em desenvolvimento", observa.
Ele compara a situação que o Brasil enfrenta com a de uma família. "Imaginem que o pai perde o emprego. De repente eles entram em déficit, se endividam, vendem os móveis e vão parar na rua. O Brasil está vendendo todas suas riquezas, vejam o exemplo da Eletrobras", conclui Bresser Pereira.
Fonte: Brasil247