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Desde muito novas, as mulheres são ensinadas sobre que locais podem e devem ocupar na sociedade. E, a respeito dessa constatação, Tânia Dias, mestra em Direitos Humanos pela UFPE, aponta que o sistema patriarcal, que se alastra em todos os âmbitos nos quais as mulheres estão inseridas, as coloca em situação de subordinação: na esfera familiar, na formação escolar e profissional, na maneira de exercer e expressar a sexualidade, no trabalho ou demais relações sociais. Autora da dissertação “O que vou ser quando crescer?: A divisão sexual do trabalho na socialização das mulheres e em suas escolhas profissionais”, Tânia revela que “as relações sociais assimétricas de sexo - entre homens e mulheres - contribuem para colocar as mesmas em locais de subordinação”.
A pesquisa, produzida no Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos da UFPE (PPGDH), aponta a existência de duas esferas essenciais para manutenção da ideia de que mulheres só podem ocupar determinados lugares: a família e a escola. A família, segundo o estudo, é responsável pelo primeiro contato com as normas e estruturas sociais e a escola, responsável pelo processo formal/institucional de educação. “Juntas, são as principais responsáveis pela formação objetiva e subjetiva dos sujeitos sociais”, afirma Tânia, para quem, “estas duas esferas sociais, tão presentes na socialização das crianças e também de adolescentes, se comportam de maneira a reproduzir tanto o sistema patriarcal, quanto o sistema capitalista”.
Ainda com base na pesquisa, esse papel assumido pela maioria das famílias acaba reproduzindo a lógica patriarcal e capitalista, “uma vez que faz uso da base material das relações sociais de sexo, que é a divisão sexual do trabalho”. A dissertação, orientada pela professora Celma Tavares observa, ainda que, desde crianças, as meninas aprendem a se comportar como meninas, brincam com panelas e vassouras para treinar atividades domésticas e bonecas, para treinar a maternidade. Para a autora da pesquisa, “o que parece brincadeira durante a infância reflete-se no comportamento futuro dessas mulheres, em quais empregos ou graduações elas acham que são aptas a escolher ou se candidatar”. Esse tipo de socialização, segundo o estudo, restringe o grupo social feminino a buscar empregos como enfermeira, pedagoga, assistente social, psicólogas etc. “Entre as entrevistadas que possuem irmãos, é nítida a diferença de socialização, pois delas é cobrada a ajuda em serviços domésticos, por exemplo, e dos irmãos não”, exemplifica.
A dissertação conclui que o modo de socialização ao qual os indivíduos homens e mulheres são submetidos é desigual e “capaz de determinar diferenças econômicas, culturais e sociais que se reproduzem e produzem, ao longo da vida desses sujeitos, socialmente sexualizados, nas mais variadas esferas da vida social”. Enquanto os homens podem se dedicar a diversas áreas de conhecimento, mulheres se restringem a atividades relacionadas ao cuidado. A pesquisa, por fim, pontua a necessidade de modificação desses modos de socialização para quebra desses estereótipos, aponta a dissertação.
METODOLOGIA - Inicialmente, a autora realizou uma revisão bibliográfica, seguida da pesquisa de campo, na qual foram analisados os dados coletados em duas turmas de pré-vestibular (3º ano do Ensino Médio) de escolas do Recife, uma de ensino público e outra de ensino privado. A coleta de dados foi realizada por meio de diferentes instrumentos: observação não participante; análise documental; questionário; entrevista semiestruturada. A aplicação do questionário foi feita com a finalidade de entender o perfil das 30 estudantes escolhidas, entender suas escolhas profissionais etc.
As observações da pesquisa foram feitas durante o período de algumas aulas e intervalos, a fim de conhecer especificidades das escolas como corpo discente, festividades, projetos e outras características presentes na dinâmica escolar, que poderiam contribuir para uma melhor avaliação das mesmas. A análise documental englobou documentos importantes das escolas, como o projeto político-pedagógico, o regimento escolar e os projetos interdisciplinares.
“O público estudado se refere a meninas prestes a fazer o vestibular (escolhendo, assim, seu possível futuro profissional), estudantes de bairros vizinhos, de uma escola privada e de uma escola pública da cidade do Recife, em Pernambuco, no intuito de agregar ao trabalho especificidades como classe e raça, ao considerar que, em meio à sociedade capitalista, tais opressões devem ser vistas não de maneira isolada, mas em conjunto, uma vez que as três opressões estabelecem entre si uma relação indissociável”, afirma a mestra em Direitos Humanos.
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A pesquisa, produzida no Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos da UFPE (PPGDH), aponta a existência de duas esferas essenciais para manutenção da ideia de que mulheres só podem ocupar determinados lugares: a família e a escola. A família, segundo o estudo, é responsável pelo primeiro contato com as normas e estruturas sociais e a escola, responsável pelo processo formal/institucional de educação. “Juntas, são as principais responsáveis pela formação objetiva e subjetiva dos sujeitos sociais”, afirma Tânia, para quem, “estas duas esferas sociais, tão presentes na socialização das crianças e também de adolescentes, se comportam de maneira a reproduzir tanto o sistema patriarcal, quanto o sistema capitalista”.
Ainda com base na pesquisa, esse papel assumido pela maioria das famílias acaba reproduzindo a lógica patriarcal e capitalista, “uma vez que faz uso da base material das relações sociais de sexo, que é a divisão sexual do trabalho”. A dissertação, orientada pela professora Celma Tavares observa, ainda que, desde crianças, as meninas aprendem a se comportar como meninas, brincam com panelas e vassouras para treinar atividades domésticas e bonecas, para treinar a maternidade. Para a autora da pesquisa, “o que parece brincadeira durante a infância reflete-se no comportamento futuro dessas mulheres, em quais empregos ou graduações elas acham que são aptas a escolher ou se candidatar”. Esse tipo de socialização, segundo o estudo, restringe o grupo social feminino a buscar empregos como enfermeira, pedagoga, assistente social, psicólogas etc. “Entre as entrevistadas que possuem irmãos, é nítida a diferença de socialização, pois delas é cobrada a ajuda em serviços domésticos, por exemplo, e dos irmãos não”, exemplifica.
A dissertação conclui que o modo de socialização ao qual os indivíduos homens e mulheres são submetidos é desigual e “capaz de determinar diferenças econômicas, culturais e sociais que se reproduzem e produzem, ao longo da vida desses sujeitos, socialmente sexualizados, nas mais variadas esferas da vida social”. Enquanto os homens podem se dedicar a diversas áreas de conhecimento, mulheres se restringem a atividades relacionadas ao cuidado. A pesquisa, por fim, pontua a necessidade de modificação desses modos de socialização para quebra desses estereótipos, aponta a dissertação.
METODOLOGIA - Inicialmente, a autora realizou uma revisão bibliográfica, seguida da pesquisa de campo, na qual foram analisados os dados coletados em duas turmas de pré-vestibular (3º ano do Ensino Médio) de escolas do Recife, uma de ensino público e outra de ensino privado. A coleta de dados foi realizada por meio de diferentes instrumentos: observação não participante; análise documental; questionário; entrevista semiestruturada. A aplicação do questionário foi feita com a finalidade de entender o perfil das 30 estudantes escolhidas, entender suas escolhas profissionais etc.
As observações da pesquisa foram feitas durante o período de algumas aulas e intervalos, a fim de conhecer especificidades das escolas como corpo discente, festividades, projetos e outras características presentes na dinâmica escolar, que poderiam contribuir para uma melhor avaliação das mesmas. A análise documental englobou documentos importantes das escolas, como o projeto político-pedagógico, o regimento escolar e os projetos interdisciplinares.
“O público estudado se refere a meninas prestes a fazer o vestibular (escolhendo, assim, seu possível futuro profissional), estudantes de bairros vizinhos, de uma escola privada e de uma escola pública da cidade do Recife, em Pernambuco, no intuito de agregar ao trabalho especificidades como classe e raça, ao considerar que, em meio à sociedade capitalista, tais opressões devem ser vistas não de maneira isolada, mas em conjunto, uma vez que as três opressões estabelecem entre si uma relação indissociável”, afirma a mestra em Direitos Humanos.