Abertura de evento literário que vai até domingo em Araxá teve palestra da Monja Cohen e leitura de texto de Cacá Carvalho

por Mariana Peixoto
Fonte:mem.com.br
Araxá – É uma ousadia e tanto dar início a um evento literário em dia de jogo do Brasil. Mas, definitivamente, deu certo. O 2 X 0 contra a Sérvia só animou os ânimos da plateia da fliAraxá, cuja sétima edição foi aberta oficialmente nesta noite, no Tauá Grande Hotel.
O jogo foi às 15h, mas não faltaram camisas verde e amarelo na plateia da palestra mais disputada da noite. “O inferno somos nós: do ódio à cultura de paz”, com a Monja Cohen, teve início pouco após as 21h. O Salão Minas Gerais, com seus 750 lugares, estava lotado – tantos foram vê-la (e fazer selfies) que houve gente que ficou de fora.
A plateia da monja assistiu, antes, a uma emocionante leitura de Cacá Carvalho. Um dos patronos desta edição da fliAraxá, João Guimarães Rosa, que completaria neste 27 de junho 110 anos, teve seu final de vida contado pelo texto Pormenor de ausência, de Lívia de Sá Baião.
Carvalho encarnou um Guimarães no fim da vida, prestes a assumir a cadeira de número 2 da Academia Brasileira de Letras. Eleito em 1963, o escritor mineiro só tomou posse quatro anos mais tarde. Morreu em 19 de novembro de 1967, apenas três dias após ser empossado. “Fui enterrado de óculos, queria ver a pele de Deus”, última frase do texto, foi precedida por uma chuva de aplausos.
Abrindo a programação dedicada a Rosa e ao outro patrono desta edição, Graciliano Ramos, a historiadora Heloísa Starling e os escritores Wander Melo Miranda e Ricardo Ramos Filho fizeram um paralelo dos dois autores a partir do sertão. Além da efeméride de Rosa, em 2018 também estão sendo celebrados os 80 anos de Vidas secas, livro mais importante de Graciliano. Melo Miranda prepara, para a Cia. Das Letras, biografia de Graciliano. E Ricardo Ramos Filho é neto do escritor.
Ao iniciar o encontro, Heloísa Starling colocou em foco a outra de um terceiro escritor, Euclides da Cunha. “O primeiro autor a mostrar o sertão como mais do que um espaço geográfico foi Euclides da Cunha (com Os sertões). O sertão na obra dos três autores dá uma perspectiva de interpretação do Brasil”, disse.
Ph Daniel BianchiniDSCAos 79 anos, o teólogo e escritor Leonardo Boff já perdeu as contas de quantas Copas assistiu (foto: Ph Daniel BianchiniDSC)
ESPERANÇA - Com uma grande área de convivência, o público pode assistir, à tarde, à partida que deu o primeiro lugar ao Brasil no Grupo E da Copa do Mundo da Rússia. Aos 79 anos, o teólogo e escritor Leonardo Boff já perdeu as contas de quantas Copas assistiu. Não se liga muito em futebol – a não ser durante os mundiais.
Quatro próteses o obrigam a caminhar devagar, com a ajuda de uma bengala. “Não posso me levantar para vibrar, mas gosto de assistir no meio das pessoas. O brasileiro está precisando de alegria e esperança”, comentou ele, que assistiu ao primeiro tempo numa espécie de coreto e ao segundo numa mesa ao lado de outros escritores que participam da fliAraxá – entre eles estavam os mineiros Luiz Ruffato e Leo Cunha e o português Gonçalo Tavares.
Ph Daniel BianchiniDSCEm uma grande área de convivência, o público assistiu ao jogo da Seleção Brasileira (foto: Ph Daniel BianchiniDSC)
A esperança de que Boff falou durante a partida será um dos temas que o escritor vai tratar nesta participação no evento. No sábado ele participa do debate “A esperança é hoje a virtude mais urgente e necessária” com o jornalista Eugênio Bucci.
A repórter viaja a convite da organização do evento