FESTIVAL
 
Setecentos artistas, 200 tambores, cinco guardas de congado, vários blocos de Carnaval, entre outros representantes das artes em Minas Gerais, realizam, a partir deste sábado, o cortejo de abertura do Festival Internacional de Teatro, Palco e Rua de Belo Horizonte.


Comandada por Maurício Tizumba e Marcelo Veronez, com os homenageados Aílton Krenak e Conceição Evaristo engrossando as suas fileiras, o desfile pelas ruas da capital mineira é muito simbólico da diversidade que marca a 15ª edição, que prosseguirá até 11 de novembro.

“O cortejo é a celebração da nossa diversidade cultural, enquanto povo brasileiro e latino”, destaca Luciana Féres, presidente da Fundação Municipal de Cultura.  O tema do FIT já foi pensado para abrir espaços a essas vozes, abordando “Raízes – Arte, Existência e Nossa Latinidade”.


Os curadores Andreia Duarte, Marcos Alexandre e Yara de Novaes partiram dessa proposta para selecionar os mais de 30 espetáculos nacionais e internacionais. “O tema é amplo. Acho que conseguimos fazer um bom trabalho dentro desse recorte”, registra Alexandre.

Pesquisador e professor que já lançou livros sobre a participação dos negros no teatro, o curador avalia que o tema do festival “abre muitos lugares”, principalmente a partir da noção de raízes, enxergando o Brasil como um grande território marcado por identidades.


“A gente não dá conta de abraçar todos os territórios, mas nós tentamos convergir para propostas que não fossem só do Rio e de São Paulo, pensando em trabalhos que viessem de outros espaços, como Maranhão, Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte”, assinala.


Ele destaca que, nesse processo de curadoria, foi importante ver o Brasil como parte da América Latina, algo que não é feito normalmente. “Foi instigante pensar em como formar esse repertório, trazendo, por exemplo, os povos originários para a discussão também”.


A arte indígena, defende Alexandre, chegou finalmente ao teatro, sendo “impossível fingir que não existem trabalhos artísticos voltados para a questão indígena. E o que é mais legal, feitos a partir deles”. Esse olhar vem, por exemplo, do grupo chileno Kimvn Teatro, que aborda a violência sofrida pela comunidade mapuche.


Outra característica dessa edição é apostar na produção local como o filé mignon da programação. “Ela é riquíssima. Não deixa a desejar a nenhum território brasileiro em termos de pautas artísticas. Foram muitos trabalhos inscritos e não foi fácil selecionar”, afirma o curador.


“Tivemos uma preocupação muito grande com o fomento das produções locais. Buscamos lançar um olhar cuidadoso para esses grupos, celebrando a trajetória de nomes importantes do nosso cenário”, frisa Luciana. Entre eles estão o Galpão, o Quatroloscinco e o Multimédia.