Com um orçamento anual de R$ 30 milhões, orquestra tem a adesão de 15 empresas

Os solistas estrangeiros que vêm a Belo Horizonte tocar na Sala Minas Gerais costumam sair daqui dizendo que a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais tem nível internacional. Quem conta é o presidente do Instituto Cultural Filarmônica, o economista Diomar Silveira. Muito além da excelência incontestável dos músicos, Silveira quer aumentar a adesão de empresas com patrocínios à Filarmônica, que comemora uma década de existência.

“A nossa grande questão é a perenidade da orquestra, então, ela depende basicamente da continuidade do compromisso do governo do Estado com o termo de parceria”, diz Silveira, referindo-se ao recurso público que paga a manutenção do corpo artístico como um dos tripés da atividade. A equação de sustentabilidade da Filarmônica ainda é composta pela bilheteria e pelos patrocínios privados.

Neste ano, o orçamento da Filarmônica é de R$ 30 milhões. “Porque precisamos de R$ 22 milhões para pagar a folha de salários que é composta por 145 funcionários, que são os músicos, os técnicos da orquestra, a diretoria e os funcionários do Instituto Cultural Filarmônica. Os outros R$ 5 milhões são para fazer todas as atividades artísticas, e R$ 3 milhões são custos administrativos, operacionais e impostos”, detalha. A manutenção da sede da Filarmônica – a Sala Minas Gerais – é mantida pela Codemig ao custo de R$ 2,5 milhões a R$ 3 milhões por ano.

Agora, o desafio de Silveira é o de conquistar mais empresas para o sistema de patrocínio por meio da Lei Rouanet. A lei faculta que toda empresa pode aplicar até 4% de seu Imposto de Renda devido num projeto cultural. “Depende do porte da empresa”, diz. Então, as cotas podem variar de R$ 100 mil a R$ 2 milhões, R$ 3 milhões, segundo o executivo.

Para atrair mais patrocinadores, Silveira explica que é preciso um trabalho permanente de convencimento. “É trazer as pessoas para a Sala Minas Gerais para verem e se encantarem, mostrar o trabalho social e educacional que fazemos com a música clássica”, explica Silveira. Atualmente, 15 empresas patrocinam a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

Bilheteria está em ascensão

Numa programação rica e diversa para marcar os 150 anos da morte de Rossini e os cem da morte de Debussy, entre outros, a bilheteria da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais tem registrado movimento crescente no volume de pessoas, mesmo diante de um momento de estagnação no emprego e na renda do trabalhador.

Para o presidente do Instituto Cultural Filarmônica, Diomar Silveira, o motivo da presença do público é o cuidado no estabelecimento dos preços dos ingressos. “Temos um trabalho de formação de público, de democratizar o acesso. Precisamos que a música clássica seja acessível às mais diversas faixas sociais. Então, não podemos colocar preços que vão inibir a população que tem mais dificuldade, mais baixo nível de renda, de virem aqui”, justifica o executivo.

A bilheteria da Filarmônica tem arrecadado, por ano, na faixa de R$ 2,5 milhões. “Precisamos aumentá-lo, já é um volume expressivo, mas significa 10% do nosso orçamento. Gostaríamos que, pelo menos, a bilheteria chegasse a 20% do orçamento total”, admite Silveira.

Com 90 músicos no total sendo 22 músicos estrangeiros sob a direção artística de Fabio Mechetti, a Filarmônica já é considerada uma orquestra internacionalmente conhecida. “O grande dilema agora é levar a orquestra ao exterior. Ainda precisamos viajar mais com a orquestra dentro do Brasil e para fora do Brasil. Em Minas Gerais, já temos feito um trabalho bom de levar a orquestra a vários municípios mineiros”, conta Silveira.

Grandes números

- Orçamento 2018 de R$ 30 milhões: R$ 22 milhões (folha de salários), R$ 5 milhões (atividades artísticas) e R$ 3 milhões (custos e impostos).

- R$ 2,5 milhões é a bilheteria anual.

Filarmônica de Minas Gerais em dez anos:

- 1 milhão de espectadores.

- 745 concertos realizados.

- 990 obras interpretadas.

- 102 concertos em turnês estaduais.

- 38 concertos em turnês nacionais.

- 5 concertos em turnê internacional.

- 90 músicos.

- 527 notas de programa publicadas no site.

- 167 webfilmes (19 com audiodescrição).

- 1 coleção com 3 livros e 1 DVD sobre o universo orquestral.

- 4 exposições itinerantes.

- 3 CDs pelo selo internacional Naxos (Villa-Lobos), 1 CD pelo selo nacional Sesc (Guarnieri e Nepomuceno) e 3 CDs independentes (Brahms&List, Villa-lobos e Schubert), 1 trilha para balé com o Grupo Corpo.

- 1 adaptação de “Pedro e o Lobo”, de Prokofiev, para orquestra e bonecos com o Grupo Giramundo.