Um dos momentos mais aguardados do calendário cultural de Belo Horizonte, a Virada Cultural chega neste fim de semana com 24 horas de programação gratuita e ininterrupta, ocupando a Região Central da cidade. Realizada pela Secretaria Municipal de Cultura e pela Fundação Municipal de Cultura em parceria com o Instituto João Ayres e com o Sesc, esta oitava edição é batizada Virada Cultural de Todo Mundo, em diálogo com o programa Centro de Todo Mundo, da prefeitura, que visa a requalificação daquele território.
Com um cardápio de mais de 240 atrações, a Virada 2023 se espraia, como no ano passado, por seis polos: Palco Sesc, na Praça da Estação; Palco Viaduto, localizado embaixo do viaduto Santa Tereza; Palco Gramado e Palco Parque, ambos no Parque Municipal; Palco Praça Sete, na rua Carijós; e Palco Guaicurus, na rua que é símbolo da zona boêmia da cidade.
O circuito que vai abrigar diversas linguagens artísticas e culturais – música, artes cênicas, artes visuais, audiovisual, jogos, lazer, tecnologia, bem-estar e saúde, cultura popular, gastronomia, literatura, moda, intervenções e instalações urbanas, entre outras – se completa com oito percursos que interligam os seis polos: Circuito Parque, Edifício Central, Praça da Estação, Teatro Francisco Nunes, Espaço Cine, Pista de Patins, Museu da Moda – Mumo e Mercado das Flores.
'Não é um simples festival de rua. A proposta é de uma ocupação que permita descobrir e redescobrir o Centro, olhar de uma outra forma, sentir aquele espaço de uma maneira que é diferente da relação cotidiana que as pessoas têm com ele'
Eliane Parreiras, Secretária municipal de Cultura
A Virada Cultural de Todo Mundo foi pensada a partir de cinco pilares. Os três primeiros – Patrimônio, Sustentabilidade e Vivência – convidam o público a uma integração consciente e responsável com a região em que o evento será realizado. Os outros dois – Diversidade e Inclusão – dizem respeito mais objetivamente à programação.
Gaby Amarantos se apresenta na noite de hoje no Palco Sesc, na Praça da Estação, que terá os Titãs no comando do show de encerramento, no domingo
A secretária municipal de Cultura, Eliane Parreiras, observa que a ideia de diversidade e inclusão, que guiou a curadoria, se relaciona com o tema que orienta esta oitava edição. “Tem a ver com pluralidade cultural, com envolver o máximo de linguagens artísticas e movimentos culturais urbanos convivendo em um mesmo ambiente. A Virada é de todo mundo por isso, pela garantia de participação”, afirma.
Ela observa que, além das atrações convidadas, foi aberto um processo seletivo pelo qual, a partir de um total de mais de 4 mil inscrições, 70 propostas foram incluídas na programação. “Todo mundo quer participar, então é sempre um enorme desafio para a gente fazer essa seleção. São muitas linguagens e em todas a gente tem talentos enormes na cidade”, afirma.
O que norteou esse processo, conforme explica, foi o desejo de garantir a presença de territórios distintos, com grupos, artistas, coletivos e propostas que viessem das diferentes regiões de Belo Horizonte, “para que todo mundo se encontre no Centro e se sinta representado”. No que diz respeito às atrações convidadas, destacam-se os Titãs, que apresentam o show “Olho furta-cor” no encerramento do palco Sesc, a cantora Gaby Amarantos e o pioneiro rapper Thaíde.
O hip hop, a propósito, é foco de uma das homenagens que a Virada de Todo Mundo presta, em razão de sua trajetória de 50 anos no mundo e 40 no Brasil. A programação do baixio do viaduto Santa Tereza é inteiramente composta por artistas do gênero e de outras vertentes da cultura periférica. Maurício Tizumba, por seus 50 anos de carreira, e os garis da SLU são os outros homenageados desta edição.
A experiência de vivenciar a cidade proposta na edição 2022 da Virada é aprofundada este ano, segundo Eliane. Ela aponta que, graças a uma parceria com o programa BH Mais Feliz, a ocupação será maior. “Não é um simples festival de rua. A proposta é de uma ocupação que permita descobrir e redescobrir o Centro, olhar de uma outra forma, sentir aquele espaço de uma maneira que é diferente da relação cotidiana que as pessoas têm com ele”, salienta.
Ela destaca, por exemplo, uma ênfase na questão da cenografia, das projeções e da iluminação. Haverá uma intensificação no que diz respeito à ambientação no perímetro em que a Virada é realizada, que inclui a Praça da Estação, a Rua Sapucaí, o Parque Municipal e a Praça Sete. Uma novidade, segundo a secretária, é que essa ambientação foi pensada em relação com os vários movimentos que naturalmente já ocupam o Centro da cidade e que, a cada ano, entram como parceiros na construção da programação.
Eliane alude, por exemplo, ao espaço denominado O Trânsito dos Corpos que Dançam e Voam – Cabeça Dura, Coração Mole, sob o viaduto Santa Tereza, que dialoga com o Duelo de MCs, tradicionalmente realizado naquele território. Já o Parque Municipal receberá o lounge Floresta Mágica, criado a partir de pneus reciclados, pintados de verde e iluminados por lâmpadas coloridas. Na Praça da Estação, o lounge Cidade de Tijolos e Ideias foi inspirado na construção coletiva do ambiente cultural de Belo Horizonte.
A Rua Guaicurus vai abrigar o espaço Brilha, Brilhou!”, que faz referência ao bloco carnavalesco Então, Brilha!, que a cada ano reúne, durante o carnaval, milhares de pessoas naquele endereço. “Toda a cenografia foi pensada integrada conceitualmente aos movimentos que já existem. É uma intervenção urbana mais presente, em diálogo com a história da cidade, com os coletivos e com as festas. É algo mais conceitual, não apenas funcional”, explica a secretária.
A secretária saúda a presença, este ano, de atrações nacionais maiores, que têm o potencial de mobilizar públicos diversos, mas pontua que o foco, assim como na edição passada, é garantir espaço privilegiado para a produção artística local. “A gente manteve esse desenho. Estamos falando não só do ponto de vista de todas as linguagens artísticas, mas também de todos os territórios da cidade. É uma forma de jogar luz sobre a produção local, com todas as regiões da cidade marcando presença no Centro”, ressalta.
Outra experiência do ano passado que a oitava edição repete é o Viradão Gastronômico, que propõe um circuito de 34 estabelecimentos, com variadas opções de bares, restaurantes, barraquinhas, padarias e lanchonetes, distribuídos no perímetro do Hipercentro, em lugares como a Rua Sapucaí, Rua da Bahia, Avenida Santos Dumont e o Edifício Maletta, entre outros.
“A gente também entende a gastronomia como uma identidade cultural do Centro. Foi feito um trabalho incrível de mapeamento desses estabelecimentos. A ideia é fazer as pessoas descobrirem espaços que são verdadeiros patrimônios da cidade e que, às vezes, a gente simplesmente não conhece. Essa questão da gastronomia também é muito importante”, diz Eliane.
A questão social é outro eixo de relevo da Virada Cultural de Todo Mundo, de acordo com a secretária. “Existe uma preocupação em lidar com os moradores em situação de rua, pessoas que estão ali no Centro e têm suas demandas específicas, então tem a Virada Social, que dialoga com esses públicos, não só do ponto de vista do suporte material, mas de integração mesmo. A Virada Sustentável entra nisso aí também, compondo esses pilares que balizam a ideia de um Centro vivo, pulsante”, comenta.
"VIRADA CULTURAL DE TODO MUNDO”
Neste sábado (19/8), a partir das 19h, até as 19h do domingo (20/8), na Praça da Estação, Rua Aarão Reis, Avenida dos Andradas, 367; Viaduto Santa Tereza, Rua Sapucaí, Parque Municipal, Teatro Francisco Nunes, Praça Sete, Rua Guaicurus, quarteirão dos coqueiros da Avenida Amazonas, Museu da Moda, Edifício Central, Sula Beagá, Avenida Assis Chateaubriand, Mercado das Flores, Mira, Sesc Palladium, Palácio das Artes, CCBB-BH e Teatro Feluma. A programação completa pode ser consultada no portalbelohorizonte.com.br/virada. Todas as atrações e atividades são gratuitas.
SHOWS NOITE ADENTRO
Além dos shows de Titãs e Gaby Amarantos, com participação de Paige, o Palco Sesc também receberá artistas locais. Entram nesse rol a cantora Adriana Araújo, o grupo Tutu com Tacacá, Charanga Pop, Ablusadas, Mariana Nunes, Richard Santos cantando Anitta, as festas Império Serrão: Tudo Que Nóis Tem É Nóis, Baile do Serrão e Trem na Virada, além de bandas de blocos representantes do carnaval de Belo Horizonte – Asa de Banana, Carnaval do Beiço e Explosão Bloco Funk You.
Pelos dois palcos montados no Parque Municipal passarão atrações como Juarez Moreira Trio, Thiago Delegado, Makely Ka, Samba da Meia Noite, Clara x Sofia, Augusta Barna, Maurício Tizumba e os festivais Embrasa, com Babadan Banda de Rua, Funmilayo Afrobeat Orquestra e Magnólia Brass Band, e Tranquilo, com um time que 15 grupos e artistas locais.
Embaixo do Viaduto Santa Tereza, espaço conhecido pelas batalhas de MCs, o hip hop é o protagonista, com celebração dos 40 anos de carreira de Thaíde. O palco também vai receber a final estadual do Duelo de MCs Nacional 2023, a Batalha Griot, a rapper Colombiana, o Baile da Dona Onça, com Mac Julia, e o Festival Fora de Cena, com DJs como João da Inestan, Nattan, Vitin do PC, Vilão, Gui Marques, L da Vinte, Bianca, JR e TH do Primeiro.
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Já a Praça Sete se torna palco para diversos movimentos culturais da região. Por ali serão realizados os shows de Dupla Voz, Dani Morais, Banda Guaraná Caju, Pecado Zero, Cabeatles e Cadelas Magnéticas. No Quarteirão do Rock, apresentam-se as bandas Sorry We Are Late, Scananners, Scalped, Divine Death, Alvordrens, Carcaça, Imersão Hybrida, DJ A Coisa e Evandro MC, com o show “Imaginarás”, e a Velha Guarda do Soul de BH.
Para quem busca pelas festas mais badaladas da capital mineira, o Palco Guaicurus é a melhor pedida. O som vai rolar o tempo todo com Sensualiza BH, Transa! Música Brasileira, Eleganza, @bsurda e Alta Fidelidade 100% Vinil. Nos percursos entre um polo e outro, o público poderá conferir, ainda, exposição de artes visuais, de carros antigos, o Totó Humano, o Mundialito de Rolimã e outras atrações.