Sinfônica de Minas apresenta “A História do Soldado” em BH
Uma das obras mais conhecidas, executadas e celebradas de Igor Stravinsky, “A História do Soldado” foi uma resposta do compositor russo ao mundo arrasado e à falta de recursos e condições na Europa após a Primeira Guerra. “Ele pensou em fazer uma obra que envolvesse música e teatro, como uma pequena ópera dentro dos parcos recursos financeiros disponíveis naquele momento, e pediu ao (escritor G.F.) Ramuz que escrevesse um texto em cima de uma fábula russa”, conta o maestro Silvio Viegas.
Comemorar o centenário da obra em 2018 é, para a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, celebrar a mensagem que ela passa e sua relevância nos dias de hoje. “Ela mostra que o dinheiro e a riqueza não compram a felicidade das pessoas, e falar disso com o mundo destruído após a guerra é muito emblemático. E nós estamos vivendo isso hoje, com a situação da cultura no Brasil e uma sociedade que busca mais o ter do que o ser”, argumenta Viegas.
É pensando nisso que o maestro e sua orquestra apresentam “A História do Soldado” nesta terça-feira (18), às 12h, dentro do projeto Sinfônica ao Meio-dia, e quarta, às 20h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes. Os concertos terão um caráter especial porque, além dos músicos da orquestra, eles contarão com seis bailarinos da Cia. de Dança do Palácio interpretando os personagens e com a participação do ator Saulo Laranjeira como o narrador da história – que segue um soldado que, no caminho de volta para casa, recebe uma proposta do Diabo de trocar seu violino por um livro que contém toda a riqueza imaginável.
“É uma obra de grande profundidade e maturidade e, como nossa versão terá apenas a voz do narrador, precisávamos de um ator com essa maturidade tanto artística quanto humana para que valorizasse a palavra. E o Saulo, mesmo conhecido pela veia cômica, é esse ator”, explica o maestro. Já o trabalho dos seis bailarinos, segundo ele, não se limita à representação do Soldado, do Diabo e da Princesa. “Eles contam a história através de seus corpos, com uma total harmonia entre a linguagem da Cia. de Dança do Palácio e a obra do Stravinsky”, argumenta.
Outro aspecto importante buscado pelo maestro na homenagem à obra original é que ela foi escrita apenas para sete músicos. Assim, apenas os solistas da Sinfônica – o spalla e os primeiros clarineta, trompete, trombone, contrabaixista, percussionista e fagote – acompanharão o maestro no concerto. “É um grupo realmente de altíssimo nível, e uma peça extremamente desafiadora para todos os envolvidos. Acho que será um dos grandes espetáculos do ano em Belo Horizonte”, promete Silvio.
Agenda
O quê. “A História do Soldado”
Quando. Nesta terça-feira (18), ao meio-dia, e quarta-feira, às 20h30
Onde. Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro)
Quanto. Gratuito (terça) e R$ 20 (inteira, na quarta)