Maior exposição do artista e dissidente chinês realizada no mundo será aberta ao público nesta quarta (6)

“Raiz”, que chega ao CCBB BH, nesta quarta-feira (6), é a maior exposição já realizada no mundo pelo artista e dissidente chinês Ai Weiwei. Reúne trabalhos marcantes de sua carreira com outros tantos inéditos, produzidos no Brasil por artesãos que trabalharam em ateliês montados pelo próprio Weiwei em vários Estados.

O resultado são obras que atestam o minucioso processo de produção de comunidades locais, a exemplo da série de 200 ex-votos talhados em Juazeiro do Norte (CE) a partir da iconografia do artista.

São pequenas esculturas de madeira que subvertem a sua função religiosa original para representar o dissidente destruindo a urna da Dinastia Han – referência a um de seus trabalhos mais famosos –, tirando uma selfie ou mostrando o dedo do meio.

Os preparativos da fase final da mostra trouxeram o artista cinco vezes ao Brasil nos últimos dois anos, mas o processo todo, iniciado em 2011, ficou um bom tempo suspenso porque Weiwei foi preso no aeroporto de Pequim naquele ano e só pôde deixar a China novamente em 2015, quando se mudou para Berlim. Entre as obras expostas, “Forever Bicycles”, gigantesca escultura de bicicletas.

“Raiz” não usou de Lei Rouanet. Marcello Dantas, que também produz, conta que o projeto foi aprovado a captar recursos via incentivo fiscal e que procurou patrocinadores, mas estes quiseram saber mais sobre a exposição antes de investirem. Só que Weiwei disse a Dantas que não passaria por qualquer tipo de chancela: ele teria liberdade total ou não faria.

A solução foi buscar colecionadores, que nas palavras de Dantas são “entendedores de arte” e tiveram “fé cega” ao apostar num projeto do qual pouco sabiam. Sete nomes financiaram as obras produzidas no país, que somam US$ 1 milhão (R$ 3,8 milhões), e terão preferência caso queiram adquirir os trabalhos.

Houve também aporte financeiro de quatro galerias do artista – Continua (Itália), Lisson (Inglaterra), Neugerriemschneider (Alemanha) e ArtEEdições (Brasil). O restante vem do próprio artista, da venda de objetos com estampas de Weiwei (um guarda-chuva com a mão mostrando o dedo do meio sairá a R$ 300) e de um catálogo.