A série da Netflix “13 Reasons Why” causou polêmica em todo o mundo pela forma com que o suicídio foi abordado – especialmente pela forte cena da morte da protagonista. Mas a produção norte-americana trouxe um benefício inegável: a importância de se falar sobre o tema, especialmente com os mais jovens.
Há três anos, o Ministério da Saúde, em parceria com outras entidades, criou a campanha Setembro Amarelo, para abordar midiaticamente a prevenção ao suicídio. O Hoje em Dia abraçou a causa e, assim como Hannah Baker, desenvolveu uma lista com 13 pontos – mas com uma proposta bem diferente da vingança da personagem.
A nossa lista tem 13 razões e formas para que todos nós possamos aderir ao Setembro Amarelo e contribuir para evitar os suicídios. Confira:
1) Há um crescimento no número de pessoas que desistem da vida: Em 2016, o Brasil registrou 11.433 casos de pessoas que tiraram a própria vida – uma média de 31 mortes por dia, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde na última quinta-feira (20). Houve um aumento de 16,8% na taxa de mortalidade por suicídio entre 2007 e 2016, subindo de 4,9 mortes em cada 100 mil habitantes para 5,8. Veja os dados aqui.
2) Fique atento aos sinais: A família e os amigos podem fazer muita diferença ao identificar os sinais dados por quem pensa em tirar a própria vida. Observe se a pessoa demonstra sentimento de tristeza e solidão frequentes e intensos; pensamentos negativos frequentes, perda de interesse e sentido na própria vida, alterações de humor, isolamento, baixa autoestima, pouca interação social. Caso verifique os sinais, leve a pessoa a um psiquiatra ou psicólogo.
3) Abra os ouvidos: Caso você perceba que um familiar ou amigo está com uma depressão profunda e pensa em tirar a vida, procure ser carinhoso e escutá-lo. Você pode ajudar abrindo os ouvidos, amparando, acolhendo. Que tal fazer isso pessoalmente, num lugar confortável para a pessoa amada?
4) Vamos quebrar o tabu? O suicídio ainda é um tabu em nossa sociedade. Tanto que muitas famílias tentam esconder a situação quando uma pessoa tira a própria vida. Para uma prevenção efetiva, é preciso que a sociedade fale abertamente sobre o assunto. O primeiro passo é conscientizar os mais próximos sobre a importância do trabalho de psiquiatras e psicólogos. Para boa parte da sociedade, esses profissionais atendem a “loucos” – um mito que precisa ser quebrado através da informação.
5) Conheça os fatores de risco: Cerca de 90% das pessoas que se matam tinham algum tipo de transtorno psicológico, como depressão, transtorno de humor bipolar ou transtorno de personalidade. Por isso, o tratamento com profissionais de saúde mental é fundamental para a prevenção ao suicídio. O uso de drogas e álcool em excesso também é fator de risco. Desempregados e portadores de doenças ou deficiências físicas incapacitantes também merecem atenção. No Brasil, a taxa de mortalidade é expressivamente maior entre homens: 9,2 casos por 100 mil habitantes. No grupo feminino, a taxa é de 2,4.
6) Conheça as frases que nunca devem ser ditas a quem tem depressão: Muitas vezes, o familiar ou amigo quer ajudar, mas acaba atrapalhando com frases mal colocadas. Evite dizer “isso passa”, “isso é só uma fase”, “se enfie de cabeça no trabalho que você esquece disso”, “pensei que já estivesse melhor”, “tem gente em situação muito pior que você no mundo”… O professor Gilmar Fidélis, do Núcleo de Apoio Psicopedagógico aos Estudantes da Faculdade de Medicina (NAPEM), gravou um vídeo em que explica porque devemos evitar algumas dessas frases:
7) Fique atento aos jovens: Muitos países se preocupam com o crescente índice de suicídio entre jovens. Especialistas acreditam que os números alarmantes (essa é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo) se devem às mudanças de comportamento. Os jovens tendem a se relacionar mais virtualmente e de forma efêmera. Consequentemente, muitos se isolam, ficam deprimidos. Os pais devem estar atentos, se mostrar mais presentes. Confira a matéria que o Hoje em Dia fez sobre o assunto.
8) Não deixe de ligar: Não adianta dizer “estou aqui para você, qualquer coisa me chama”. Quem está com depressão, se sente um fardo para amigos e familiares e tende a se isolar. Para essa pessoa, é muito difícil ter de ligar para alguém e dizer: “estou sofrendo”. Por isso, o ideal é ligar, visitar, conversar frequentemente com quem está precisando de um acolhimento.
9) Tome precauções em casa: Se alguém de sua família demonstra depressão profunda, tome precauções. Não tenha arma de fogo em casa (mesmo que esteja bem escondida, ela poderá ser encontrada), esconda medicamentos e objetos cortantes. Não deixe a pessoa sozinha e procure ajuda médica.
10) Agentes de saúde e professores podem fazer a diferença: É importante que as mais diferentes instâncias de governo invistam na capacitação de profissionais de saúde e educação para a detecção dos sintomas de depressão. Esses profissionais poderiam oferecer o encaminhamento mais correto para um atendimento especializado, com profissionais da saúde mental.
11) Lute contra a depressão: além do tratamento com psiquiatra, a pessoa com depressão pode perceber mudanças significativas na vida com algumas ações. Vale a pena investir em exercícios físicos (o que for mais agradável à pessoa), alimentação saudável e cuidados para ter uma boa noite de sono. É fundamental evitar o álcool.
12) Procure ajuda durante a tristeza profunda: Cerca de 17% dos brasileiros já pensaram em se matar alguma vez na vida. Se você se sente assim, procure ajuda! Caso não tenha acesso a um psicólogo ou psiquiatra, converse com uma pessoa querida. Você também pode ligar para o Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo 188 (ligação gratuita) ou pelo site www.cvv.org.br. Converse, abra seu coração!
13) Seja um voluntário: O CVV conta com 2.400 voluntários em 90 postos de atendimento para receber as ligações via 188. De acordo com a entidade, é possível evitar nove de cada dez suicídios no país. Saiba como participar: www.cvv.org.br/voluntario