Por: Sérgio Marchetti*- Convidado

 

O sinônimo de vida é existência e a existência é uma dádiva, um presente de Deus que recebemos para nos aperfeiçoarmos. Creio que nem todos entenderam a finalidade, mas fazer o quê?

— E conservada é a mãe!

Contudo, sob o olhar pessimista, a vida, como definição, é um processo de autodestruição, até que todas as peças do corpo tenham um funcionamento inócuo. Eu já publiquei em alguns lugares, e talvez aqui neste espaço, um poema de Cassiano Ricardo, intitulado Relógio que diz: “Diante de coisa tão doida/ Conservemo-nos serenos/ Cada minuto da vida/ Nunca é mais, é sempre menos/ Ser é apenas uma face/ Do não ser, e não do ser/ Desde o instante em que se nasce/ Já se começa a morrer. ”

Tive um amigo que envelheceu mais cedo do que a média. Foi acometido por enfermidades e acabou falecendo com menos de 60 anos. Ele dizia que pessoa de meia-idade era quem estava na faixa dos trinta anos. E que, se cinquenta anos fosse meia-idade, viveríamos cem anos “inteiros” e saudáveis. O que mais o irritava, era quando se dirigiam a ele com vozes infantilizadas: — olha bebê, que gracinha o vovô. Ele está passeando….

Sendo bem sincero, jovens leitores, as características da longevidade não são fáceis de aceitar. Dobra-se a coluna, os joelhos não flexionam, cai tudo que a gravidade segurou na juventude, inclusive os cabelos. E a orelha? Parece que tomou o hormônio do crescimento. O nariz virá uma “chapoca”… Podem ficar tranquilos. Vou parar por aqui.

Mas experiência, sabedoria e visão prática não contam? Ora! Claro que são importantes. Mas não passa muito disso. Para apimentar um pouco mais a idade avançada, recordo a frase de um médico que afirmou que se você, depois dos sessenta anos, acordar sem dor é porque já morreu. Pensamento estimulante o dele, não acham!? Tem leitor que se sentiu muito vivo agora.

Além das vicissitudes e virtudes, adquiridas com a idade, temos que nos lembrar de que as pessoas que atingem a marca dos setenta anos são vencedoras. É assim que vou pensar quando chegar lá. E não vou me deixar abater pelo preconceito vigente de que idosos são ultrapassados e não aguentam trabalhar. Também não pretendo negar as dores e limitações, mas sim adequá-las ao novo mundo. Pois que, o fator mais importante para uma vida saudável e longa é o equilíbrio emocional.

Estudos da universidade de Duke (EUA) demonstram que o envelhecimento — pasmem —começa aos vinte anos e que, aos vinte seis, nós já temos alguns órgãos com deterioração. Ainda assim, não deixo de pensar que a busca desenfreada e alucinada da beleza ou de mudanças excêntricas é um tipo de insanidade (vide o boneco Ken e seus muitos adeptos) incentivada por uma parte mercenária da sociedade.

De tudo que a vida me ensinou, e para isso foi imprescindível ter vivido bastante, reverencio a amizade como o bem maior, e pratico a humildade, porque ambas me permitem fazer parte, aprender, conviver e compartilhar aprendizados com a família, os amigos, clientes e com vocês que me honram lendo o que escrevo.

*Sérgio Marchetti é consultor organizacional, palestrante e Educador. International Certification ISOR em Holomentoring, Coaching & Advice (coaching pessoal, carreira, oratória e mentoria). Atuou como Professor de pós-graduação e MBA em instituições como Fundação Getúlio Vargas, Fundação Dom Cabral, Rehagro e Fatec Comércio, entre outras. É pós-graduado em Administração de Recursos Humanos e em Educação Tecnológica. Trinta anos de experiência em trabalhos realizados no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br