Pensei esta pensata a partir da chegada da primavera no hemisfério Sul no dia 22 de setembro. De cara foi bom por que ela veio trazendo chuva após o imenso calor e a baixa umidade relativa do ar ao final do inverno e minha referência é a região metropolitana de Belo Horizonte. É claro que as características dessa estação do ano trazem uma boa expectativa em relação ao rebrotar da flora, a beleza das flores coloridas, a crescente intensificação das chuvas e do calor acompanhado pelas sensações térmicas um pouco acima. 

Por outro lado vou falar de algumas das muitas preocupações que continuam enchendo a minha mente diante de tantas variáveis que não controlo, mas que preciso acompanhar devido ao impacto que trazem para a minha vida e creio que também para a sua. 

Aqui reforço e ratifico a minha crença de que os fatos, dados e problemas não deixam de existir só por que são ignorados, negados ou escondidos solene e mentirosamente debaixo do tapete. A educação e o conhecimento são a base de tudo e não têm substituto. A verdade é mostrada por evidências objetivas, não pode ser substituída por narrativas baseadas em notícias falsas em prol de um desejo de poder permanente. 

Preocupam nesta primavera da sociedade polarizada com falta de respeito, ódio e retrocessos civilizatórios, os rumos do combate à pandemia da Covid-19. A flexibilização chegou como um alento para a retomada da economia, mas sem volta às aulas, expectativas de uma vacina eficaz e segura para a virada do ano e a certeza de perda do poder aquisitivo – 20% em média. Mas será que a dengue virá mais fraca? O dever de casa está sendo feito? 

Também são preocupantes as consequências do fogo na Floresta Amazônica, no Pantanal do Mato Grosso, no interior do estado de São Paulo e nas montanhas de Minas Gerais. Não é só a chuva preta e a reação dos mercados internacionais, também me preocupam os números mostrados pelo IBGE, a partir do método científico, que contabilizam em torno de 14 milhões de desempregados, 5 milhões de desalentados e mais de 10 milhões de pessoas passando fome. A carestia se acentua diante dos preços do arroz, do óleo de soja, da carne bovina, do milho… Não vale dizer que o auxílio emergencial em 4 parcelas de R$600 e outras 4 de R$300,00 somados ao dólar bem alto e ao aumento de exportações desorganizaram a lei da oferta e da procura. Canetada para conter preços e liberalismo não combinam, segundo os liberais mais sinceros. 

Fico esperando uma bolsa “capitalismo” a partir de janeiro para garantir uma renda mínima para a camada da população mais pobre e para os que estão abaixo da linha da pobreza. Será necessário ceder alguns anéis do sistema para não perder os dedos. Mas de onde virá o dinheiro? Da nova embalagem da antiga CPMF, ou seja, do aumento de tributos, do corte de gastos públicos com as castas dos servidores públicos dos 3 poderes, do capital financeiro, da tributação de empresas optantes pelo Simples… 

Meu espaço acabou, mas as preocupações não. Falarei mais sobre elas numa futura pensata, talvez ainda na primavera.