Lá já se foram quase 70 dias de vigência de medidas na cidade de Belo Horizonte que orientam, recomendam e determinam o que deve ser feito para combater a disseminação do novo coronavírus – Covid-19. Não é meu propósito abordar a extensa pauta de variados temas e visões que envolvem a pandemia em curso. Meu ponto é mostrar alguns poucos aspectos de conversas que tem permeado meu cotidiano na condição de aposentado, que não se recolheu aos aposentos, e que cumpre o isolamento social determinado.


Tenho mantido contatos com algumas pessoas que fazem parte do meu convívio social mais próximo – familiares e amigos, por exemplo – usando os dispositivos tecnológicos adequados e compatíveis com o momento que estamos atravessando. Invariavelmente as conversas se iniciam com as clássicas perguntas “como vai você” ou “como você e sua família estão passando”. É claro que as perguntas têm mão dupla. Tenho falado que estou buscando viver e sobreviver um dia de cada vez, na expectativa realista e esperançosa de que tudo isso vai passar mesmo sabendo que o horizonte ainda não está visível. Tenho realçado que a crise instalada trouxe para nós muitas incertezas, perdas, insegurança e medo num país extremamente desigual e concentrador de renda.


Também nas conversas surgem pontos e contrapontos sobre os procedimentos que precisam ser adotados por quem está em casa, nos meios de transporte coletivo ou em algum local de trabalho considerado essencial. Aí as conversas se intensificam, com as narrativas de experiências sobre uso de máscaras para proteger o nariz e a boca, a higienização de bens e instalações, a lavação das mãos com água e sabão diversas vezes ao longo do dia, o uso do álcool em gel nos ambientes em que falta água e como agem de maneira pouco cuidadosas algumas pessoas em supermercados, padarias e sacolões, por exemplo. Sempre pergunto sobre as cores das máscaras que cada um usa. A cor branca é citada pela maioria e, ao mesmo tempo, todo mundo fala que possui outras máscaras em variadas cores como preto, azul, cinza… Pelo menos duas pessoas já me disseram que escolhem a cor da máscara a ser usada em função do astral e do humor em que se encontram a cada momento do dia.


Para finalizar, vale lembrar que sempre tento especular um pouco sobre as expectativas que cada um tem quanto às mudanças do modo de ser e de viver da humanidade depois que a pandemia passar. Muitos são céticos e dizem que após o medo e o pânico passarem tudo será como antes. A conferir.