Os primeiros seis meses do ano já se foram, deixando no rastro um legado de incertezas e desconfianças que não nos ajuda a saber com alguma clareza para onde vamos. Mas ainda assim é preciso parar ligeiramente, mesmo que no ar, para avaliarmos nossas percepções em relação às expectativas até então existentes para o semestre que está se findando.

Isso deve ser feito para os mandatos do Presidente da República e dos Governadores dos estados, eleitos em outubro do ano passado, com a certeza de que quanto mais o tempo avança fica mais difícil de encontrar culpados para justificar o não encaminhamento de soluções sustentáveis para resolver os problemas crônicos existentes. Tenho a sensação de que o tempo continua passando indelevelmente, como é da sua natureza, enquanto os eleitos ainda não conseguiram mostrar a que vieram e que planejamento estratégico formularam para nortear seus mandatos. Não basta dizer que foram eleitos pelas urnas, como se isso fosse um passaporte automático para ficarem sentados na cadeira até o último dia do mandato fazendo o que dá na cabeça.

Podemos e devemos estabelecer parâmetros para avaliar e medir o desempenho dos governantes, que devem gerenciar pela liderança e não pelo comando. É claro que todos precisam ter uma capacitada equipe de assessores para trabalhar na formulação consistente de suas propostas, sem revogar a lei da gravidade e com o devido respeito à Constituição do país e dos estados.

Só para ilustrar a importância da avaliação de desempenho para impulsionar a busca da melhoria contínua vou citar aqui uma pesquisa de opinião sobre a atuação Governo Federal feita pelo Ibope para atender uma encomenda da Confederação Nacional da Indústria (CNI) cujos resultados foram divulgados no dia 27 de junho. Por mais que se fale e se questione resultados de pesquisas dessa natureza é forçoso reconhecer que eles trazem parâmetros que podem ajudar a melhor compreender a distância entre o sucesso e o fracasso na visão dos participantes da amostragem feita. Nessa pesquisa, realizada entre os dias 20 e 23 de junho com 2.000 pessoas em 126 municípios, o governo do Presidente da República foi considerado Bom/Ótimo por 32% dos entrevistados, Regular também por 32% e Ruim/Péssimo por outros 32%. A margem de erro é de 2%. A comparação com a pesquisa anterior realizada pelo Ibope em abril mostra uma piora na avaliação, já que o índice de Bom/Ótimo era de 35%, Regular 31% e o de Ruim/Péssimo era de 27%.

A pesquisa também mediu a reação dos entrevistados à maneira de governar do Presidente e mostrou que o percentual de desaprovação cresceu de 40% para 48%, enquanto a aprovação recuou de 51% para 46%. A confiança no Presidente também diminuiu. O percentual dos que confiam nele passou de 51% para 46% e os que não confiam aumentou de 45% para 51%.

Como se vê, a observação e análise desses dados e de outros recortes da pesquisa podem trazer mais informações para quem quer melhor compreender o que está acontecendo no plano federal. O mesmo pode ser feito para os governos estaduais.

Pessoalmente percebo que entre erros, acertos, “bateção” de cabeças, polarização da sociedade, fake news no varejo e no atacado, 13 milhões de desempregados e 4,9 milhões de desalentados, projeção de crescimento do PIB de apenas 0,8% até o momento, reforma da previdência deixando de fora os militares, anúncio de uma barulhenta novidade a cada dia… se a economia não retomar um crescimento sustentável as incerteza e desconfianças prosseguirão cada vez maiores. Até quando será possível aliviar as tensões crescentes do barril de pólvora do país, que é tão desigual e injusto? Os fatos não deixam de existir só porque são ignorados, negados ou justificados por causa de culpados.