Sabe aquelas pessoas, amigas de longa data, que de repente somem e não dão sinais de que alguma coisa diferente pode estar acontecendo? Isso aconteceu comigo. Na segunda quinzena de agosto, quando começou a surgir em meu radar seguidas vezes a imagem de uma amiga com quem converso pelo telefone, menos pelo fixo e mais pelo celular, em diferentes momentos, comecei a ficar intrigado. Diante da inquietante preocupação e entre uma atividade e outra que acabam levando o dia embora, telefonei para a amiga que, após dizer “alô”, ouviu de mim a clássica réplica “você sumiu, o que está acontecendo?”. A tréplica foi imediata: “peguei Covid-19 e passei um perrengue danado!”.
Apesar de seguir todas as orientações sanitárias e só ir às ruas para fazer o que é estritamente necessário, ela começou a sentir dores no corpo e desconforto respiratório… No terceiro dia em que as coisas só pioravam chamou o marido e foram a um hospital credenciado pelo seu plano de saúde co-participativo.
Lá chegando teve a paciência histórica de passar por todos os protocolos até ouvir a sentença de que deveria ficar internada. Foi constatada uma hipóxia silenciosa (sem sinais aparentes) – redução das taxas de oxigênio no ar, no sangue arterial ou nos tecidos – ou seja, a sua saturação de oxigênio estava em 87% quando o mínimo admitido é de 90% e existem especialistas que preconizam 95%.
O fato é que minha amiga ficou internada 3 dias e teve alta após permanecer com a saturação de oxigênio em 92% durante 24 horas, obviamente sem usar o respirador.
Ela cumpriu a quarentena isolada num dos quartos do apartamento no edifício em que mora. Interessante é que num determinado momento sua filha se cansou da comida fornecida por um restaurante e começou a produzir algumas refeições em casa para variar um pouco o sabor.
Tudo foi muito desafiante, inclusive ver o tempo passar rumo ao futuro, mas a resiliência prevaleceu no melhor estilo do “enverga, mas não quebra”.
Mas uma coisa importante que a amiga fez foi informar à sindica e aos zeladores do prédio de 20 andares a sua condição momentânea. Aliás, ela ficou sabendo dias antes da internação hospitalar de um caso de escândalo, “um barraco”, causado por uma pessoa de um outro prédio ao tomar o elevador no 6º andar e se deparar com um morador devidamente protegido e que estava curado da infecção. A cena foi constrangedora, segundo o relato de quem recebeu o ataque.
Que decisão você tomaria se estivesse no lugar da minha amiga?