Gestão é o que todos precisam, mas nem todos sabem que precisam. Essa afirmação esteve em grande evidência no Brasil na última década do século passado, quando a gestão pela qualidade deu uma sacudida no método gerencial, no caminho para conduzir bem os negócios.
Passadas quase 3 décadas vai ficando visível que é necessária uma nova sacudida na medida em que diversas premissas da gestão vão sendo deixadas de lado ou são praticadas parcialmente, além de continuar ignoradas pelos céticos daquela época. O método gerencial se baseia no conhecimento científico a partir dos fundamentos, conceitos e técnicas que aplicados levam a resultados – entregas dentro de expectativas estabelecidas pelo plano estratégico.
Nesse sentido saltam aos olhos alguns fatos e dados que mostram a enorme dificuldade para resolver problemas sem o uso de um método consistente, cuja ausência só facilita a prevalência das tentativas e erros com seus altíssimos custos.
O caso do combate à pandemia da Covid-19 traz alguns exemplos do que não fazer. A primeira condição para resolver um problema é admitir que ele existe, e isso pode significar até 50% da sua solução. Essa gestão exige que ela seja feita pela liderança e não pelo comando, e de maneira integrada num processo participativo. Não há espaço para o achismo e o “mandonismo” no melhor estilo do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Isso vale para todos os níveis de uma organização humana, seja ela pública ou privada, sempre tendo como base o conhecimento e o método com muito foco, determinação, disciplina e constância de propósitos.
O colapso da saúde pública vivido pela cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas, nos mostra as consequências danosas da não observância de fundamentos básicos da gestão. Nesse caso se esqueceram que “quem não controla não gerencia”, embora gerenciar não seja só controlar. Aqui também vale lembrar que “quem não mede não gerencia” e isso é fundamental para o controle de qualquer processo. Nesses tempos que vivemos não dá para dizer que “eu não sabia” e ainda tentar construir narrativas para defender o indefensável. Os atos tem suas consequências.
No caso específico da vacina para a imunização contra a Covid-19 são visíveis as lacunas na gestão da cadeia de suprimentos, que é globalizada e exige inteligência estratégica nas relações diplomáticas e comerciais que permeiam os negócios. Não dá para colocar todos os ovos na mesma cesta, pois isso caminha na contramão das estratégias.
Como se vê ainda estamos longe da excelência na gestão. Está na hora de uma nova sacudida no conhecimento gerencial, mas enfatizando que sua aplicação deve ser permanente e em consonância com a melhoria contínua. O desafio continua!