Sabe aquele dia em que você acorda bem cedo e enquanto espera a hora de tomar o café da manhã fica pensando na vida e nas coisas materiais e imateriais inerentes a ela? Pois é, chega ao pensamento uma espécie de clamor para que possamos viver numa sociedade civilizada, marcada pelo respeito mútuo na complexa arte de viver individualmente e coletivamente. O desafio é reconhecer que as coisas fáceis já foram feitas e que para nós só ficaram as difíceis, qualquer que seja a camada social. Mas, em quem acreditar e com quem caminhar se “infeliz a nação que precisa de heróis” (Bertolt Brecht – 1898-1956) e não há lugar para salvadores da pátria? Promessas de campanhas eleitorais, achismos, fake news, impulsos, polarizações e bolhas não são suficientes para negar o conhecimento e tentar revogar a lei da gravidade. Também não dá para dizer que se as coisas não acontecerem conforme foram imaginadas o jeito será fazer as malas e ir para Portugal.
Enquanto o café não é passado outra preocupação entra em cena versando sobre o trabalho para quem o tem e para os milhões de brasileiros que estão na expectativa de encontrá-lo antes que caiam no desalento. Será que daqui a um ano continuarão existindo os postos de trabalho que estão ocupados hoje no setor privado da economia? E se imaginarmos um cargo ou função de confiança, preenchido por recrutamento amplo, em órgãos da União Federal, estados e municípios? Que funções repetitivas já terão sido substituídas pela inteligência artificial, tanto no setor público quanto no privado?
Enquanto o pensamento voa pensando na gente mesmo dá para imaginar a altura que ele alcança quando o foco se volta para os filhos. Surge a preocupação com o filho que está no ensino médio ou num curso de graduação na universidade ou mesmo num mestrado sem bolsa de estudos à espera de alguma luz depois do fim do túnel do mercado de trabalho. Também faz pensar a filha graduada em economia desempregada há 2 anos ou os filhos com mais de 30 anos sem perspectivas de ter seu próprio lugar para morar. Estes ainda querem impor aos pais outros modos de vida, que geram muitos enfrentamentos e exigem muita paciência histórica na gestão dos conflitos gerados. Diante de tudo isso ainda reverbera a frase dizendo ou lembrando que “pai é pai”, “mãe é mãe” e tudo fica anestesiado, deixando as coisas do jeito que estão para depois verificar que soluções poderão ser encontradas. Pode ser inclusive o conformismo trazido por outra frase dizendo que “o que não tem remédio, remediado está”.
Como preocupações não faltam e agora o café já acabou de passar o jeito é dar um tempo para a mente e degustar o saboroso café, cujo dia foi comemorado em 24 de maio. Enquanto o dia for crescendo outros cafezinhos poderão ser degustados, permeados pelas preocupações que nos acompanham.