A semana começou com o anúncio da alteração da política de preços da maior empresa brasileira. A Petrobras não vai mais seguir a paridade internacional para realizar a sua precificação dos combustíveis no país. Para muitos, está armada a bomba relógio. A empresa, que já foi orgulho nacional é hoje a 9ª maior petrolífera do mundo e a melhor na busca do “ouro negro” em águas profundas. No informativo divulgado ao mercado a empresa denominou seu novo modelo de precificação de custo alternativo ao cliente e valor marginal que seguira daqui pra frente. Na prática, a partir deste fato relevante, a empresa vai começar a trabalhar em linha com a que falou o presidente Lula durante a campanha. O mercado não demorou a denominar o novo sistema como sendo o preço dos combustíveis “à moda brasileira”
E o que acontece a partir de agora? Na prática isso significa que a empresa irá vender seus produtos com menor margem, uma vez que deixará de praticar os preços internacionais mais o frete para que os produtos importados cheguem em nosso país, como vinha fazendo nos últimos anos seis anos – desde que Michel Temer e Pedro Parente definiram o controverso PPI como política de preços para a Petrobras. Naquela época a Petrobras chegou a ser considerada a companhia mais endividada do mundo. Como sabemos, este cenário mudou bastante com a venda de ativos e uma administração voltada para rentabilidade, com a empresa conseguindo reduzir muito seu endividamento. Vale ressaltar que, nos últimos doze meses, a Petrobras foi a maior pagadora de dividendos de nosso país. Suas ações, (PETR3 – PETR3) que chegaram a custar pouco mais de R$ 4,00 chegou a ser negociada na B3 acima de R$ 40,00. Hoje, flutua entre R$ 25,00 e 29,00.
Mas afinal, esta mudança é boa para os acionistas da Petrobras? A resposta é indiscutível: não. Esta mudança certamente irá reduzir a rentabilidade da Petrobras uma vez que a empresa vai praticar preços menores do que foram praticados nos últimos anos. Definitivamente essa política de preço não é melhor que a que era espera com a posse do novo governo. O que está sendo pretendido é muito em linha do que foi falado pelo atual presidente da companhia Jean Paul Prates em uma série de discursos e muito parecido com o que Lula já havia executado em seus oito anos de mandato.
É bem verdade que o que está sendo proposto tem um nível menor de intervenção do que foi observado no governo Dilma. No entanto, Lula também já havia afirmado que não pretendia repetir o modelo utilizado no governo Dilma e sim algo mais conciliatório – conforme observamos na gestão de Sérgio Gabrielli, de 2005 a 2010, quando a Petrobras realizou a maior captação acionária da bolsa brasileira (2010): 59 bilhões de dólares à época, com foco no Pré Sal que atualmente representa cerca de 75 por cento das explorações de petróleo da companhia.
O assunto Petrobras é muito polêmico. Lugar que brota dinheiro é sempre visitado. Tenho certeza que o povo brasileiro não que ver a empresa novamente no noticiário jurídico/policial. A empresa é considerada a segunda melhor distribuidora de dividendos do mundo. Agora em 2023 o Conselho de Administração da Petrobras aprovou o pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio aos acionistas no valor de R$ 1,89 por ação ordinária e preferencial. Assim, cerca de R$ 24 bilhões serão distribuídos a investidores. A remuneração será paga em duas parcelas iguais nos dias 18 de agosto e 20 de setembro. E sabe quem é o maior acionista da Petrobras? Isso, o governo federal. Agora, se você quer ajudar a desarmar essa bomba relógio torça para o preço do barril de petróleo no mercado internacional não explodir.