Convidado

*por Sérgio Marchetti

 

Eu sempre achei, desde tenra idade, que o mundo é feito de muitas partes, todas elas interligadas. E que, em tudo que criou, Deus estabeleceu relação. Nada é por acaso, nem existe plena independência. Para exemplificar minha visão, vou escolher os números – justamente por serem parte de uma ciência exata – e demonstrar como estabelecer uma relação com as pessoas – apesar de serem puramente inexatas.

Observem, leitores atentos, que tem gente que entra em nossas vidas, ou nós entramos nas delas, por uma via transversal. Seja como colegas de trabalho ou mesmo na família. E aí ingressa a linguagem numérica. Vocês já sentiram, meus leitores racionais, que algumas dessas criaturas têm valor relativo pois, embora sejam poucos, acabam por representar muito e ter atitudes que fazem a diferença na vida de várias pessoas? Eu os chamo de agregadores. Seres assim são compreensivos, prestativos e se sentem bem ajudando ao próximo. Esses são os que somam. Outros, porém, ficam no valor absoluto. São denominados de “zero à esquerda” por não acrescentarem nada às relações ou grupos. São os números neutros. Há também aqueles que só fazem a operação de dividir. Organizam grupinhos, criam adversários, fazem reuniões às escondidas e adoram conspirar. São desagregadores, imprestáveis e bem piores do que os neutros. Para esses, sempre haverá a identificação de inimigos e a necessidade de exclusão. Normalmente são interesseiros, oportunistas, invejosos, egoístas e nada confiáveis. Escrúpulo é uma palavra que não pertence ao seu dicionário. Costumam trair quem mais os ajudou.

Viram como existe uma forte relação entre pessoas e operações matemáticas? Com o racional conseguimos estabelecer uma classificação para o emocional. Mas não acabou. Vamos aos que subtraem. Meu Deus! Infelizmente esse é o maior grupo. Eles mentem descaradamente, se passam por pessoas ingênuas, inocentes, injustiçadas e ousam jurar em nome de Deus. Podem ser encontrados em qualquer parte do mundo, como na política, quando subtraem o dinheiro público (não disse que são todos), em grande proporção na mídia, que subtrai o que não lhe convém informar, nos assaltantes que, em São Paulo, praticam um assalto a cada cinco minutos, nos que exploram o próximo, e em todas as formas de fazer com que a outra parte seja descriminada ou prejudicada. Contudo, a desgraça não anda só. Muitos dos que pertencem ao grupo da subtração adotam também as características da divisão e vice-versa.  Sobre a subtração, tive um tio que dizia que a pior de todas as pobrezas era a ignorância, o pior dos defeitos era ser ladrão e que a doença mais grave de um povo era fechar os olhos para a corrupção — o câncer da sociedade.

Mas nem tudo está perdido. Não se desespere, meu caro leitor. A verdade machuca, fere, mas nos traz para a realidade. Ainda temos uma outra operação, a última das quatro: a multiplicação, que é a geração de produtos por intermédio dos fatores. Há muitas pessoas que multiplicam o bem, praticam o “amai-vos uns aos outros”, têm empatia e compaixão. Eu, especialmente, quero ser um multiplicador, plantar uma semente que possa florescer e levar sentimentos bons a todos a quem conseguir alcançar. E seguir a sugestão de Santa Tereza de Calcutá:

“Espalhe o amor por onde você for: antes de tudo, em sua própria casa. Dê amor a seus filhos, sua esposa ou seu marido, a um vizinho próximo…  Não permita jamais que alguém se aproxime de você sem que viva melhor e se sinta mais feliz…”
Amém!

*Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.