Edson Arantes do Nascimento morreu, Pelé é eterno. Nascido em 23 de outubro de 1940, na cidade de Três Corações, Edson Arantes do Nascimento, era filho de Celeste Arantes com João Ramos do Nascimento, jogador de futebol que, dentro de campo, era chamado de Dondinho, com passagens pelo Fluminense e Clube Atlético Mineiro. Pelé morreu dia 29 de dezembro, aos 82 anos.

Pelé, o Rei do Futebol, jogou profissionalmente entre 1956 e 1977. Durante 21 anos, anotou 1282 gols, sendo 762 em partidas oficiais de competição. Pela seleção brasileira, Pelé anotou 77 gols. É o único jogador do mundo tri campeão mundial, 1958, 1962 e 1970 pela seleção brasileira. A importância de Pelé foi tamanha que é possível falar que, a partir dele, o mundo mudou a forma de ver os jogadores e a seleção do Brasil. Foi por causa dele, por exemplo, que os conflitos em Biafra, na Nigéria, e no Congo Belga foram interrompidos por algumas horas em 1969. Nesse período, os envolvidos aceitaram uma trégua para assistir ao time comandado pelo Rei, o único que pode bradar que foi responsável por parar uma guerra.

Esse foi o tamanho de Pelé, conseguiu se tornar conhecido nos quatro cantos do planeta e fazer do nome uma marca. É considerado o atleta do século, a pessoa mais conhecida do Brasil pelo mundo.

O apelido Pelé tem fato curioso: Dondinho jogava com o goleiro Bilé, cujas atuações animavam seu filho, o jovem Edson, que gritava seu nome em cada boa defesa. Porém, a dificuldade em falar o nome do jogador fez com que as pessoas zombassem do menino, o chamando de variações do nome do goleiro. De “Bilé”, para “Pilé” e depois Pelé.

Depois a família mudou para Bauru, interior paulista, onde o jovem Pelé começou a jogar futebol e em seguida o eterno Pelé começou sua carreira profissional no Santos com apenas 15 anos, estreando e anotando seu primeiro gol em partida contra o Corinthians de Santo André. Porém, na época, seu apelido no Santos era “gasolina”, nome que perduraria por pouco tempo e que seria substituído por seu apelido de infância: Pelé.

Com apenas 16 anos, o jovem que havia feito sua estreia como profissional há menos de um ano, se tornou titular absoluto do Santos, e foi o artilheiro do campeonato paulista de 1957 (17 gols), e ajudou o Brasil a conquista da Copa Rocca. Seu desempenho aos 17 anos, o credenciou para ser convocado para a Copa de 1958 como uma aposta do técnico Vicente Feola.

Pelé era diferente e mostrou isso na Copa. Após começar no banco as primeiras duas partidas do torneio, ele e Garrincha iniciaram o jogo contra a União Soviética, que teve o final que se repetiria todas as vezes em que os dois craques do futebol atuaram juntos: vitória para o Brasil. A partir de então, Pelé e Garrincha não saíram mais do time, que rumou até a final desbancando País de Gales, França e os anfitriões suecos na grande final. No jogo decisivo, o jovem de 17 anos desfilou no gramado do Rosunda Stadium o futebol que começava a encantar o Brasil e o mundo. Pelé foi responsáve l por dois gols do placar de 5 a 2, sendo o primeiro uma pintura, com um golaço, deu um chapéu no zagueiro para então fuzilar a meta adversária. Após o apito final, Pelé cumpriu a promessa que fizera ao pai 8 anos antes, ao vê-lo aos prantos: “Não chore papai. Eu vou ganhar uma Copa do Mundo para você”. Após garantir o primeiro título mundial do Brasil, Pelé volta ao Brasil e ao Santos já com status de estrela, com o título de melhor jogador jovem da Copa de 1958.

É neste momento que nasce uma das maiores equipes de todos os tempos, que além de Pelé, contava com estrelas como Pepe, Coutinho, Dorval e Mengálvio, linha de frente histórica do futebol mundial. Foram eles que transformaram a década de 1960 na década santista, faturando com o time praiano 8 campeonatos paulistas, na época cobiçados e disputados não só pelo seu valor simbólico, mas por dar vaga na Taça Brasil, campeonato de campeões estaduais e que na época era o equivalente ao Campeonato Brasileiro.

Mesmo em âmbito nacional, o Santos de Pelé continuou a empilhar títulos, faturando as Taças Brasil de 1961 até 1965.As vitórias deram ao Santos a chance de disputar a Copa Libertadores, recém-nascida competição que ainda não tinha sido conquistada por um clube brasileiro, escrita quebrada em 1962, pelo Santos. O Santos conquistou o mundo pela primeira vez ao aplicar uma acachapante goleada de 5 a 2 no Benfica em pleno estádio da Luz, em Lisboa.

Naquele mesmo ano, o Rei disputara a Copa de 1962, marcada por sua lesão na segunda partida, contra a Tchecoslováquia, que o tirou de combate até o fim do torneio. Copa do Mundo que Mané Garrincha brilhou na competição. Brasil Bi Campeão Mundial.

No ano seguinte, Santos e Pelé repetiram a dose: foram campeões da Taça Brasil e da Libertadores contra o Boca Juniors, na Bombonera, com Pelé anotando o gol do título. Na sequência, foram também campeões mundiais diante do Milan. O grande feito deste último título foi lotar o Maracanã. O torcedor ia ao jogo para ver o Pelé, e não o Santos.

O Santos começou então a se focar em excursões ao redor do planeta, deixando as competições tradicionais de lado. Entre viagens pela Europa, o Santos de Pelé e cia fizeram paradas na África em 1969, onde causaram o cessar-fogo entre as forças de Kinshasa e Brazzaville, no Congo Belga e na Guerra de Biafra, na Nigéria, para que as populações das cidades pudessem ver de perto o Rei.

Naquele mesmo ano, outro momento marcante de sua carreira: o milésimo gol, diante do Vasco, no Maracanã, primeiro jogador do mundo que marcou na época 1.000 gols. Na comemoração, dedicou o gol às crianças pobres e carentes do Brasil, enquanto uma multidão invadiu o gramado do estádio.

Com 29 anos, Pelé sabia que a Copa do México, em 1970, poderia ser sua última em alto nível. Para tal, se preparou como nunca e teve ao seu lado aquela que é considerada a melhor seleção de todos os tempos. O brilho do Rei naquela Copa foi tão intenso que saiu dele a bola daquela que é considerada a maior defesa de todos os tempos, protagonizada pelo inglês Gordon Banks, após cabeçada fulminante de Pelé. O tri veio, assim como a Taça Jules Rimet, e um gol do camisa 10 na final, após subir mais do que toda a zaga italiana para abrir o placar. Nos braços do povo mexicano, o Rei se despedia das Copas do Mundo coroado.

Pelé se despediu oficialmente da seleção brasileira em 1971. Em 1974, foi o momento de se despedir do Santos para entrar em uma aventura que expandiria seus horizontes: popularizar o futebol nos Estados Unidos. A equipe escolhida foi o New York Cosmos, que ofereceu a Pelé um contrato de três anos com salários de US$ 2,8 milhões por ano, se tornando o jogador o mais bem pago do mundo até então.

A passagem de Pelé nos Estados Unidos causou a quebra de diversos recordes de público para futebol no país. No dia 9 de junho de 1977, 62.394 pessoas foram ver Pelé, marca batida em 14 de agosto de 1977, quando 77.691 pessoas estiveram presentes para o jogo que marcou o recorde de público para futebol na América do Norte até então. Em campo, o Cosmos faturou o campeonato nacional de 1977. Por onde passou, Pelé deixou sua marca de Rei do Futebol !

 

Jornalista Sérgio Moreira

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