Minas Gerais precisou de apenas 21 dias para verem duplicados os casos de Covid-19, que superaram a marca dos 100 mil nesta quinta-feira. Uma análise fria dos números e de sua evolução mostra como, nos primeiros meses da pandemia, houve efetivamente, além da subnotificação, uma subestimação de suas dimensões pelas duas esferas do Executivo (Estadual e municipais), com uma capacidade de resposta que se mostrou insuficiente para evitar a explosão de casos.
Por todo o Estado houve prefeitos que, seja por pressão de diversos setores da economia impactados; seja por uma leitura apressada dos respectivos quadros, optaram por relaxar as normas de isolamento social de forma prematura, ou acabaram gerando uma circulação de pessoas superior à adequada para minimizar os riscos de transmissão. Muitos deles se viram obrigados a recuar, ou a adotar medidas ainda mais rigorosas que as anteriormente previstas.
Além disso, a tão propagada testagem de parcela mais significativa da população, numa tentativa de balizar as políticas de enfrentamento, não aconteceu de forma efetiva. O governo do Estado prometeu fazê-lo quando do pico da doença em Minas, algo que já se verifica nos últimos dias, quando a curva de contágio alcançou um platô com os maiores registros diários de novos casos e óbitos. E apenas agora nota-se um aumento dos municípios que aderiram ao programa Minas Consciente que, por sua vez, ganhará uma nova versão na próxima semana.
O fato de que o Estado apresenta a segunda menor média de mortes por 100 mil habitantes é, de certa forma, confortante, mas não deve ser escusa diante da intensa capilaridade proporcionada pela maior malha rodoviária do país.
Hoje apenas 26 dos 853 municípios não têm casos registrados, o que cada vez mais comprova a interiorização da pandemia. É necessário não medir esforços para intensificar as ações; aumentar o monitoramento e a capacidade de atenção médica aos infectados (especialmente quanto à oferta de leitos de UTI) para não transformar a estabilidade de agora no prenúncio de nova aceleração da curva, trazendo consigo cenário ainda mais preocupante. Quando se trata de vidas humanas, é fundamental pecar pelo excesso de zelo, nunca pela falta.