Convidado /Sérgio Marchetti*

Há alguns meses, tive o privilégio de adquirir um livro numa manhã de autógrafos bastante concorrida. Mas, obviamente, que a euforia e a fila se deveram ao merecido prestígio do autor, o jornalista Eduardo Costa.

Ao chegar ao lado do escritor, depois de ter sido ultrapassado por algumas pessoas que não respeitaram a antiga, tradicional e democrática fila, tive o prazer de ver a figura carismática de nosso jornalista distribuindo autógrafos com a mesma simpatia com que nos recebe na Rádio.

Com o livro autografado na mão, a próxima etapa seria a leitura. E aí entra a parte que mais gosto. E não foi menos prazerosa do que supunha. Desde o início, já me prendeu a atenção porque a narrativa (no sentido literário), foi escrita pelas tintas da alma, numa transparência que me remeteu à Inácia de Carvalho, local onde morava nosso escritor. E, foi com felicidade que identifiquei coisas comuns entre a minha vida e a daquele que era “… apenas um rapaz latino-americano. Sem dinheiro no banco, sem parentes importantes. E vindo do interior…”

Logo nas primeiras páginas, falou das lembranças mais remotas, a mudança para capital e as dificuldades advindas de uma certa pureza que o interior tinge em nossas faces. Verdade! E, ainda que saiamos de lá, o interior nunca sai de nós. Carregamos na alma um carimbo patrimonial de “nascidos no interior”. E o fato só me enche de orgulho.

Mas, continuando a saga do menino que, assim como meu pai, trabalhou no Banco Real, percebe-se que seu destino era a reportagem, pois o perfil ousado se sobrepunha à timidez e falava mais alto, buscando oportunidades e vendo bem mais à frente do que a maioria das pessoas. Obstinado, venceu o câncer e não foi por acaso, caros leitores, que Eduardo Costa foi à Cuba, Londres, Frankfurt, China, viajou na comitiva do Papa João Paulo II e, na Índia, em frente ao Taj Mahal, tirou a foto junto com a comitiva do Presidente Lula em 2003. Depois, veio a Record e, recentemente, a Bandeirantes.

As aventuras e os “micos” foram registrados com muita graça, e nos servem para lembrar os nossos apertos em nossas peripécias pela vida, principalmente quando saímos do Brasil. Mas fazer o lavabo de bidê foi o máximo!

O livro é uma lição de vida. Constato que a trajetória de um repórter é muito emocionante, excitante, mas excessivamente perigosa, se estiver fazendo cobertura numa guerra ou se disser verdades sobre certas autoridades e figuras que estão num patamar acima das leis e da Constituição Brasileira.

O fato é que o menino ascensorista continua abrindo portas, levando pessoas a novos lugares. Com seu jeito mineiro, e com a honestidade aprendida com o pai, vai subindo andar por andar, vendo de onde veio e para aonde vai, sabendo que o mais importante não é a altura que galgou, mas sim a construção de um caminho que o fez chegar aonde chegou.

E o ascensorista criou asas e voou.

*Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br