O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE divulgou que estimava a população brasileira em 213,4 milhões de pessoas em 1º julho desse ano. Por sua vez a Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS informa que em abril desse ano existiam 52,3 milhões de pessoas (24,5% da população) vinculadas a algum tipo de plano de saúde das diversas modalidades existentes.

Acontece que todo ano os planos tem aumento no preço das mensalidades, sendo que apenas os individuais e familiares contam com a intermediação da ANS para a definição de novos preços. Os demais planos ficam por conta da livre negociação entre as partes envolvidas, mas sabemos claramente quem é o lado mais fraco nessa correlação de forças. No período de maio de 2025 a abril de 2026, a ANS estabeleceu aumento de até 6,06% para os planos individuais e familiares – no ano passado foi de até 6,91%. Já para os planos coletivos o aumento médio do atual período está em torno de 15% – no ano passado foi de 13,8%. Também é importante lembrar que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA do IBGE foi de 5,23% nos últimos 12 meses – agosto de 2024 a julho de 2025.

Vale lembrar que a ANS divulgou que no primeiro semestre de 2025 as operadoras médico-hospitalares de todos os portes tiveram aumento no resultado líquido. As de grande porte registraram, em números agregados, R$9,7 bilhões de lucro líquido (114% a mais que no mesmo período do ano anterior)._

A sinistralidade, principal indicador que explica o desempenho operacional das operadoras médico-hospitalares, registrou no 1º semestre de 2025 o índice de 81,1% (2,7 pontos percentuais abaixo do apurado no mesmo período do ano anterior). Isso significa que aproximadamente 81,1% das receitas provenientes das mensalidades foram destinadas às despesas assistenciais. Este é o menor índice registrado para um 1º semestre desde 2018 — à exceção de 2020, quando a sinistralidade foi ainda mais baixa em razão dos efeitos da pandemia.

Diante de fatos e dados como os aqui citados fica cada vez mais necessário e importante que clientes de planos de saúde analisem o benefício e o custo de possuir um. Basta um olhar no quotidiano para se perceber como o atendimento vai ficando cada vez mais demorado diante de problemas de saúde que não podem ficar esperando por uma solução. Na prática, o que se percebe são os aumentos de preços e descumprimentos de cláusulas contratuais.

São frequentes os casos em que um cliente tenta marcar uma consulta inicial com um profissional credenciado pelo plano e vem a informação de que há vaga para um atendimento só após 60 dias. Muitas vezes ainda há um singelo aviso de que a primeira consulta é cobrada à parte, fora do plano. Muitos serviços de apoio ao diagnóstico em laboratórios de análises clínicas e de imagens também apresentam dificuldades para atendimento imediato, mas, é claro, se forem pagos no modo particular terão atendimento imediato. Acredito que muitos leitores também devem ter algum acontecimento do qual foi protagonista e em que o nível de qualidade aceitável deixou a desejar.

É importante também prestar atenção na maciça propaganda de muitos planos de saúde, cheias de bônus para atrair novos clientes, mas sempre co-participativos.

É sempre bom lembrar que segundo o artigo 196 da Constituição Brasileira “a saúde é um direito de todos e dever do Estado”.

E você, caro leitor, está satisfeito com seu plano de saúde? Ele continua cabendo em seu bolso ou já é hora de começar a olhar para o Sistema Único de Saúde – SUS? Você possui cartão SUS?