Frequentemente ouço pessoas dizendo que estão muito cansadas e que já não aguentam mais tantas coisas que precisam fazer ou deveriam ser feitas no dia, na semana ou no mês. Muitas dessas pessoas ainda emendam as falas abordando a complexidade exponencial das várias variáveis que desafiam a arte de viver nesses velozes tempos de mudanças e incertezas que estamos atravessando. É livre a queda de paradigmas que exigem um rápido e consistente reposicionamento estratégico. Mas como fazer isso é o grande desafio que temos. Falar o que fazer aparentemente é mais fácil. Imaginemos uma espécie de engenharia – criação – simultânea diante de tantas possibilidades e restrições presentes na conjuntura vivida e nos cenários que podemos tentar desenhar em meio a tantas incertezas. Enquanto isso a inteligência estratégica ainda fustiga aqueles que ficam na dúvida entre ter razão ou ter sucesso.

Tenho perguntado a essas mesmas pessoas quais são as causas presentes no plano macro que estão tirando a sua energia e aumentando o seu cansaço. As respostas mais citadas passam pelas preocupações com a economia que não se recupera, o desemprego aberto, a pandemia que se agrava, a volta da carestia e da inflação. Todas são variáveis externas que as pessoas não controlam, mas podem acompanhar.

Por outro lado podemos também tentar melhor observar e analisar o nível micro do cotidiano de nossas vidas para melhor conhecer e compreender os processos dos quais fazemos parte e temos autoridade para atuar neles.  Será que as pessoas que estão reclamando muito, cada vez mais queixosas, estão percebendo as causas fundamentais e secundárias dos resultados que estão colhendo, das entregas que não estão fazendo? Afinal de contas, qual é o seu negócio? Você tem foco em que? O que é preciso fazer para combater a dispersão? Por exemplo, buscar as informações e os conhecimentos necessários para a tomada de decisões no tempo adequado. Estamos necessitando muito mais de buscar um foco para o que estamos fazendo e precisamos fazer, até mesmo pela sobrevivência e isto depende também de nós. Não dá só para terceirizar a nossa parte.

Muitas das mesmas pessoas que estão cansadas justificam o estado em que se encontram alegando que é fundamental permanecer na janela das conexões para descobrir oportunidades e buscar o seu melhor aproveitamento. Tudo bem, mas em qual dosagem? Qual é o ponto de equilíbrio? Reflita um pouco sobre o seu comportamento diante de tudo que está à sua disposição, a começar pelos inúmeros grupos de WhatsApp dos quais você participa, por exemplo. Qual é o nível de agregação de valor trazido ou qual é o valor retirado? Infelizmente, queiramos ou não, precisamos estar atentos para não ficarmos estagnados na janela da dispersão em nome da conectividade apenas e tendo a vida mediada pelo celular na palma da mão.