Completei 68 anos de idade no dia 24 de outubro com a mente povoada por lembranças, reflexões e pensamentos sobre o que foi, o que é e o que poderá ser a minha passagem pelo planeta Terra. Meu propósito é sempre buscar a melhoria contínua do meu modo de ser, viver e conviver de maneira civilizada, respeitosa e sem retrocessos, ainda mais na fase idosa da vida.

Fui buscar em algumas músicas que cultivo há décadas, e continuarei cultivando, um pouco mais de inspiração para embalar esse instante específico do curso da vida.

Foi assim que senti firmeza e consistência na música O que foi feito devera (1978) de Milton Nascimento, Márcio Borges e Fernando Brant ao dizer que “Se muito vale o já feito, mais vale o que será. E o que foi feito é preciso conhecer para melhor prosseguir”.

Não posso negar, ignorar ou esquecer o passado, mas olhá-lo como forma de aprender com erros e acertos que me trouxeram até o presente momento. É a partir dele que posso encarar e projetar, com planejamento e gestão, o que poderão vir a ser alguns cenários depois dos 68 anos.

Por outro lado, como sou consciente da finitude da vida, com todas as suas condições de contorno e riscos associados, sei que a paisagem seguirá em permanente mudança enquanto o tempo passa indelével. A propósito disso, fui buscar na música Ouro de Tolo (1973) de Raul Seixas um alerta quando ele diz que “Eu é que não me sento no trono de um apartamento, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar”.

E por isso mesmo que não dá para se contentar com a mera condição de apo-sentado, ainda que com determinados graus de alguma piora das condições funcionais que nos exigem adaptações e adequações no modo de vida. É claro que sei que cada caso é um caso na sociedade brasileira, marcada por extrema desigualdade e enorme concentração de renda nas mãos de poucos.

Interessante é quando os pensamentos se voltam para o futuro com diferentes projeções de distâncias. Prevalece o princípio da incerteza com o contorno das várias variáveis que nos instigam. Mas o importante é não nos sentirmos vencidos na plena consciência dos desafios que precisam ser vencidos a cada dia, mas um de cada vez e com muita resiliência. Até me vem a imagem do bambu, que enverga, mas não quebra. Nesse ponto, são estimuladores e fortalecedores os versos do cantor e compositor Geraldo Vandré na música O Plantador (1968) ao dizerem que “Quanto mais eu ando, mais vejo estrada. E se não caminho, não sou nada”.

Prosseguirei em meu realismo esperançoso…