Aconteceu que às 11:02 do dia 5 de agosto, uma sexta-feira, o espírito deixou o corpo de Lázara Barreto Borges, minha mãe, e partiu para outro plano espiritual, onde já está bem acolhido.

Mesmo para quem tem clareza sobre a finitude da vida e a opção pelos cuidados paliativos em contraposição a obsessão terapêutica pela cura diante do sabidamente incurável, a chegada do momento final e dos primeiros dias após o desenlace mexe bem com o nosso eixo. Aí é só o tempo que passará para dissipar a dor, que será transformada em saudades e lembranças, boas ou não, de tudo o que foi vivido.

O ritual do velório do corpo teve expressiva presença das pessoas de seu convívio cotidiano ao longo dos 79 anos em que morou em Araxá. Marcante também foram a duração do velório no modelo reduzido – 4 horas-, herança dos tempos do auge da pandemia da Covid-19, a cerimônia de encomendação da alma feita pelo diácono Valtinho e os aplausos à Lazinha no momento do fechamento da urna mortuária.

Mas o que quero relembrar e registrar aqui são alguns fatos que marcaram muito a passagem da Lazinha pela terra.

O primeiro deles é que ela era quase uma unanimidade nos ambientes em que circulava, ou seja, tinha grande aceitação. Era marcante o seu jeito doce de ser, o rosto sorridente, o batom vermelho nos lábios e a grande capacidade de ouvir a todos. Sentia-se confortável e elegante com os tipos de roupas e complementos que gostava de usar. Ela dizia que ficava chiquérrima.

Interessante lembrar a sua religiosidade, sua devoção à Nossa senhora da abadia e a Santa Luzia além da necessidade de rezar para as almas antes de dormir. Ela dizia que se não fizesse isso não teria um sono tranquilo.

Gostava de ler o jornal Correio de Araxá, do qual foi a primeira assinante, e de revistas que abordavam temas ligados à televisão, principalmente das novelas das 6, das 7 e das 9 da noite.

Lazinha também gostava muito da mídia rádio e foi com ela que comecei a ouvir, ainda bem criança. Em Araxá, ela sempre ouvia a rádio Imbiara e, quando se mudou para Belo Horizonte, onde viveu seus últimos 10 anos, ouvia alguns programas da rádio Itatiaia.

Também gostava muito de conversar, de se informar sobre os parentes e amigos. Seu time de futebol era o Galo.

Já na arte culinária, estão marcados para sempre o pé de moleque da Lazinha, feito com o amendoim moído, o arroz doce, a queijadinha, o doce de mamão e de moranga madura, o pão de queijo, a língua de boi, o frango ao molho e o cafezinho especial de todas as tardes.

Meu espaço está chegando ao fim, mas infindáveis são as lembranças e recordações que eternizam a marcante presença da sempre querida Lazinha Borges, uma grande mãe.

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