A guerra entre Rússia e Ucrania já fez aniversário e ninguém sabe quando vai acabar. E nem como. O presidente Vladimir Putin teve seu governo ameaçado pelo grupo de mercenário Wagner. Ninguém sabe ao certo o que os rebeldes tentaram e nem como o movimento foi desfeito. O presidente Russo condenou os líderes do grupo mercenário dizendo que eram todos traidores da pátria. O Kremlin disse que o líder do movimento, Prigozhin fez um acordo com o governo para encerra os avanços e para evitar um processo concordou em ir para Belarus com suas forças e entregar os armamentos pesados. Com guerra e rebelião a moeda Russa caiu para seu nível mais baixo em relação ao dólar em cerca de 15 meses. Os investidores seguem tentando entender a turbulência que atingiu a Rússia. Embora o comboio de soldados com destino a Moscou tenha sido cancelado no sábado, o evento deixou suas marcas. Combates que poderiam levar a uma guerra civil foram evitados, mas as medidas representam um grande desafio ao poder de Putin. Além disso, a Rússia é um dos maiores produtores mundiais de petróleo e a instabilidade no país pode ameaçar a produção.
Por falar em petróleo, os contratos futuros do tipo Brent subiram para US$ 74,55 o barril, numa alta de 0,5% no início da semana. A menor oferta já está na mente dos investidores, após a promessa da Arábia Saudita de cortar a produção a partir de julho. Ao mesmo tempo, o petróleo caiu cerca de 3,6% na semana passada devido a preocupações com a demanda (atividade chinesa e americana). Ainda que haja estresse no curto prazo, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo projetou que a demanda global de petróleo aumentará para 110 milhões de barris por dia até 2045, com a expectativa de que a demanda total de energia aumente 23%. Embora o grupo reconheça que a energia renovável desempenhará um papel maior no mix de energia do mundo daqui para frente, o petróleo continua sendo uma parte integrante do processo.
E a China? O primeiro-ministro do gigante asiático, Li, declarou em um evento do Fórum Econômico Mundial que o crescimento do país estava se acelerando e que a economia poderia liderar uma recuperação econômica global. O crescimento da China, contudo, tem sido mais focado no setor de serviços, e o crescimento liderado por serviços tem menos impacto global. Isso abriu margem para a interpretação de que teremos mais estímulos. O crescimento econômico chinês desacelerou em maio, com a produção industrial e as vendas no varejo ficando abaixo das expectativas — os gastos reprimidos em bens e viagens ainda ajudarão a China a atingir sua meta deliberadamente conservadora de crescimento do PIB de 5% este ano. Mesmo assim, o banco central da China cortou várias taxas de juros em antecipação aos dados mais fracos. O governo também anunciou um monte de medidas pró-negócios para impulsionar o crescimento econômico e incentivar o consumo, mas ainda não revelou o grande plano de estímulo que muitos estão esperando. Parte do problema é que a China desperdiçou grandes somas de fundos estatais durante a pandemia (eles têm menos dinheiro para gastar em estímulos em meio a crescentes problemas econômicos).
Nos EUA a maré não está para peixe. A desconfiança ronda as grandes corporações e não há motivos para pensar em crescimento, pelo menos este ano. Taxa de juros e inflação nas alturas, mercado querendo aquecer, salários em alta, desemprego estável. Uma combinação difícil de prever o que virá pela frente. O governo tenta agir em várias frentes, mas sem sinalizar um caminho.
O Banco Central Europeu se reuniu esta semana em Portugal. Foram três dias de debates em tono da inflação em um ambiente de volatilidade. Christine Lagarde disse que a taxa de juro das principais operações de refinanciamento subiu para 4%, a taxa de facilidade de depósito passou para 3,50% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez aumentou para 4,25%, com efeitos a partir de 21 de junho. Christine Lagarde admitiu ainda ser muito provável uma nova subida das taxas de juro na próxima reunião da instituição de julho, enquanto o governador do Banco de Portugal (BdP) um dia depois disse esperar que após o verão possa haver maior previsibilidade sobre a trajetória das taxas de juro do BCE, já que terão sido recebidos novos dados sobre a inflação. A opção do BCE distinguiu-se da decisão da Reserva Federal norte-americana (Fed), que na última reunião optou por manter o intervalo de taxa de juro de referência. Contudo, o presidente da Fed, Jerome Powell, admitiu na semana passada novos aumentos das taxas de juro nos próximos meses, dependendo de dados económicos.
Já o Banco do Japão (BOJ, sigla em inglês) decidiu manter, em 16 de junho, intacta a estratégia de flexibilização monetária, que inclui taxas ultrabaixas, à espera de mais sinais positivos de crescimento económico e desaceleração da inflação. Assim manteve as taxas de juro de referência negativas e o objetivo para os juros das obrigações do Estado a 10 anos em torno de 0%, tendo salientado que a economia japonesa tem crescido nos últimos trimestres, "apesar de ser afetada por fatores como os altos preços da energia no passado", considerando que as condições financeiras "têm melhorado". O Banco da Inglaterra (BoE, sigla em inglês) anunciou a 13.ª subida consecutiva das taxas na última quinta-feira, desta vez em 50 pontos base, de 4,5 para 5%, o nível mais alto desde 2008, depois da inflação no Reino Unido ter ficado acima do previsto pelos analistas (8,7% em maio).