Faz tempo que estamos vivendo na expectativa de uma recuperação econômica – já são 7 anos (2015-2021). A prevalência tem sido de recessão ou crescimento pífio do PIB. O ideal seria um crescimento anual de 4% diante de uma população estimada em pouco mais de 213 milhões, dos quais 14,4 milhões estão desempregados e 6 milhões estão desalentados (desistiram de procurar trabalho).
É importante lembrar que, se a expectativa é maior do que a realidade, só nos resta o sofrimento diante da percepção de que tudo tem ficado bem abaixo do esperado. Os indicadores mostram os resultados entregues, apesar de algumas narrativas tentarem justificar os efeitos sem analisar as causas. Fica evidente que não dá para revogar a lei da gravidade.
O que pensar e o que esperar nesse momento em que a primavera chega para fechar o ano pelo calendário gregoriano diante de tantos problemas críticos, cujas soluções são vitais para a retomada consistente do crescimento econômico?
Podemos ilustrar isso com a crise hídrica, que ameaça pela falta d’água para o consumo humano e demais seres vivos bem como a geração de energia elétrica. A saída mais fácil tem sido recorrer às caríssimas usinas termoelétricas que precisam ser bancadas pela cobrança de tarifas extras sobre as quais incidem também os tributos estaduais (ICMS) e federais (PIS- COFINS).
Outro problema crônico está na política de preços dos combustíveis praticada pela Petrobras desde 2017. Hoje o barril de petróleo gira em torno dos US$72 e a cotação do dólar tem ficado ao redor de R$ 5,25 . Segundo alguns economistas mais realistas o melhor seria que ficasse lá pelos R$4,00. É claro que quem está ganhando mais com o dólar alto não vai concordar com essa afirmação.
Vale também lembrar dos preços lá nas alturas das carnes, milho, soja, arroz, café… Ainda falta a chuva e sobram as queimadas, os desmatamentos e a mudança no clima, que resulta em aquecimento global.
Para completar esse quadro macro ainda temos a crise política permanente entre os poderes que constitucionalmente devem ser independentes e harmoniosos. No horizonte, as eleições de 2022.
Em meio a tudo isso haja inflação diante do desequilíbrio entre oferta e demanda, além da brutal perda de poder aquisitivo, principalmente para as camadas da base da pirâmide social, formada pela maioria da população, que reflete a brutal concentração de renda.
Agora está no Congresso Nacional a lei orçamentária para o ano eleitoral de 2022. Ela foi feita partindo da premissa de que o INPC terminará o ano em 6,3%, mas o Ministério da Economia já revisou o índice para 8,4%. Esse indicador é usado para reajustar o salário mínimo, aposentadorias e pensões do INSS. Pelo visto, é uma peça de ficção para cumprir a lei. Enquanto isso a inflação dos últimos meses medida pelo IPCA do IBGE ficou em 9,68%(a meta para o ano é 3,75%) e o PIB está projetado para um crescimento em torno de 4,9% no final do ano, após ter recuado 4,1% no ano passado. O mercado já projeta um crescimento do PIB inferior a 1% para o ano que vem.
E ainda temos a pandemia da Covid-19 e suas variantes, que ainda não acabou. Pelo que se vê diante de tantos sinais, não podemos descartar a possibilidade da economia continuar estagnada e com inflação alta, crescente, ou seja, a estagflação está no horizonte próximo. Quanto pior, pior mesmo!