Enquanto contemplo o tempo que passa indelével vejo pelo calendário gregoriano que já estamos chegando ao fim da primeira quinzena de janeiro de 2021. Confesso que em meio a tantas reflexões trazidas por uma virada de ano vale lembrar que a década (2011-2020) também virou, aliás mais uma década perdida em termos de desenvolvimento econômico e social. Cito isso a propósito do quanto somos cobrados em prol do otimismo obrigatório e do positivismo messiânico. Minhas reflexões me levam a perceber, nesse sentido, que mantenho minha fidelidade ao realismo esperançoso e pragmático perante a observação e análise dos principais aspectos do jogo que é jogado e que impactam diretamente na qualidade de nossas vidas.

Como tudo, é forçoso reconhecer que tudo é politica, inclusive a partidária, e que já está em evidência a eleição para Presidente da República em 2022, principalmente após o triunfo do fracasso na tentativa de reeleição do atual presidente norte- americano. Dá para imaginar como ficarão as suas franquias ao redor do mundo?

Fiquei pensando também qual resultado será entregue pelo Ministério da Economia ainda no primeiro semestre do ano em termos de recuperação do crescimento econômico, mesmo diante de uma base fraca na comparação com o final do ano passado. Aqui é interessante lembrar que o país precisa crescer pelo menos 4% ao ano para suportar o crescimento demográfico. A estimativa do IBGE no final do ano passado era que a população brasileira estava em 211,8 milhões de habitantes.

Quando penso no aspecto social percebo o quanto ele já grita quando o IBGE aponta que existem 14,3 milhões de desempregados e outros quase 5 milhões de desalentados país afora. Some-se a isso o recrudescimento da pandemia da Covid-19, a retomada das medidas de isolamento social mais duras e o fim do pagamento do auxílio financeiro emergencial aos trabalhadores. Além disso, persistem indefinições sobre a volta às aulas presenciais e quando efetivamente terá inicio a implementação do plano nacional de imunização com a disponibilidade de vacinas, seringas e agulhas. Até quando o social aguentará sem explodir ou já é hora de implementar uma garantia de renda mínima para a base da pirâmide social numa espécie de “bolsa capital”? Quanto pior, pior mesmo ?

Infelizmente e, por mais que possa parecer repetitivo, continuo insistindo que os fatos e dados não deixam de existir só por serem ignorados, negados ou maquiados. O realismo nos permite ver que se as expectativas forem maiores que a realidade o sofrimento será inevitável. Continuam a prevalecer as estratégias de sobrevivência.