É campeão, muitas torcidas já gritaram este ano nos estádios o título do seu time de coração.  Os campeonatos estaduais estão chegando ao fim, este mês começam os jogos do Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil, da Copa Libertadores e Sul-Americana começaram semana passada. Sem sombra de dúvidas o futebol é a paixão do brasileiro.

A bola rolando nos gramados, o gol, os títulos conquistados movimentam milhões de brasileiros em todos os cantos do país. O futebol movimenta bilhões de reais em patrocínios, bilheterias, marketing, vendas de produtos oficiais, transmissões pelas emissoras de televisão, entre outros patrocínios, mas o que vem chamando a atenção é o patrocínio das apostas esportivas eletrônicas na maioria das camisas dos times, marcas estampadas nas camisas dos times, em sua maioria é o maior patrocínio das equipes em marketing. Mas os clubes de futebol estão se unindo para terem posição na medida que o Governo Federal quer realizar com a taxação das empresas.

Os patrocínios do futebol estão na iminência de serem afetados de forma significativa ainda neste semestre. Isso porque, entre as regras a serem estabelecidas pelo projeto de regulamentação das apostas esportivas, uma irá determinar que empresas podem ou não estampar suas marcas, com isto o setor que é hoje um dos mais importantes em clubes e competições no país pode ser reduzido nos patrocínios.

No ano passado foram descobertos alguns fatos que colocaram jogos como sendo "vendidos" por jogadores, pois as casas de apostas eletrônicas tem diversos tipos de fatos durante os jogos de futebol, sejam pênalti no primeiro tempo, número de escanteios, cartões amarelos e vermelhos durante os jogos, e lógico, o resultado do jogo, o placar certo.

Felizmente o Ministério Público descobriu e puniu os jogadores que usaram de má fé em simular lances em jogos para receberem dinheiro de apostadores. Com a mutreta, todos os jogadores foram demitidos pelas equipes.

Para aumentar o caixa do executivo federal, tem propostas em estudos em Brasília para taxar as casas de apostas eletrônicas. Entre os pontos da Medida Provisória (MP) do Governo Federal que está para ser anunciada em breve, uma delas é a licença para operar no país. Pela permissão de cinco anos, será cobrada uma taxa de R$ 30 milhões das empresas. As casas que não o fizerem, encontrarão uma série de dificuldades para seguir atuando. Uma delas é a proibição de fazer publicidade de qualquer tipo. E, atualmente, as apostas esportivas patrocinam 39 dos 40 membros das Séries A e B (o Cuiabá é a exceção).

Este domínio de patrocínios das casas de apostas não começou agora. Na temporada passada, o aumento só na Série A foi  de 45%.  Os contratos dos sites de apostas com os clubes saltaram de 11, em 2021, para 16, em 2022. De uma maneira geral, o segmento foi o terceiro mais presente nos uniformes no ano passado (atrás do patrocínio do Imobiliário e de construção e do Financeiro). E só neste primeiro trimestre de 2023, já voltou a crescer, pulando para os atuais 19, todos os times da série B tem estampadas as marcas em suas camisas. 

Pelas pesquisas que fizemos, o valor total gasto por todas as casas de apostas eletrônicas juntas totaliza R$ 327 milhões, segundo levantamento das empresas que administram o mercado publicitário esportivo, as 5 marcas que mais investem são: PixBet – R$ 96 milhões; Esporte da Sorte – R$ 60,3 milhões; EstrelaBet – R$ 36 milhões; BetFair – R$ 33 milhões; PariMatch – R$ 27,5 milhões (em valores aproximados).

O Ministério da Fazenda espera que o governo federal deverá ao menos R$ 12 bilhões com a taxação de apostas esportivas on-line. Grande parte das casas de apostas eletrônicas é de fora do Brasil, mas já existem dezenas de empresas já criadas e funcionando por todos estados e Distrito Federal. O valor movimentado todos os dias é muito grande, afinal toda pessoa quer ganhar dinheiro, e a casa de apostas eletrônicas pode ajudar em ganhos de dinheiro, mas é lógico, para "ganhar" , tem que gastar dinheiro na aposta, fica  a questão, quem ganha mais ou perde mais !

A bola rolando, o grito de campeão é sensacional, a torcida vibrando é espetacular, mas muitas coisas movimentam o mundo da bola. Hoje o dinheiro que as casas de apostas investem no futebol é muito importante. Por isto os clubes estão se organizando para discutir com o Governo Federal como será a cobrança da taxa nas casas de apostas e qual o resultado dessa medida poderá afetar os patrocínios nas equipes. O ditado certo é o seguinte , " uma boa conversa , entendimento, ajustes são necessários para ninguém sair perdendo, seja de um lá ou do outro, o importante é a boa conversa "

O patrocínio no futebol costuma ser feito de ciclos. Por ser visto como uma plataforma de comunicação com o público de massa, é utilizado por empresas e segmentos que buscam se firmar no mercado. Uma vez consolidados, passam a falar com públicos específicos e a publicidade no esporte deixa de ser interessante. Foi assim com as marcas de eletroeletrônicos nos anos 2000 e, mais recentemente, com o setor bancário e com os bancos digitais.

O futebol passa, de tempos em tempos, por alguns movimentos de aquecimento e predominância de determinados setores ou categorias no patrocínio. Os serviços de apostas esportivas se assemelham a outros serviços, até então novos, que estavam desenvolvendo mercado no país e viram no esporte uma plataforma efetiva para comunicar seus objetivos. Este movimento ainda é ascendente, sobretudo com o hábito de apostar ainda em desenvolvimento por parte dos brasileiros. E apenas com a regulação o setor deverá se aproximar da maturidade.

 


Jornalista Sérgio Moreira

sergio51moreira@bol.com.br