Espero que você esteja percebendo em suas caminhadas pela cidade de Belo Horizonte a grande quantidade de placas com os dizeres “Aluga-se” ou “vende-se” em imóveis diversos. Após um ano de pandemia o mercado imobiliário também busca se reposicionar estrategicamente dentro da lei da oferta e da procura nesse momento tão ruim da economia brasileira.
Quem já precisou de alugar um imóvel residencial – casa, apartamento, barracão – ou comercial – sala, loja, galpão – sabe bem das exigências que um locatário/inquilino deve atender. É por isso que chama a atenção dos mais atentos um anúncio de aluguel colocado na frente de uma loja numa das ruas mais movimentadas do bairro Santa Efigênia, na zona leste de Belo Horizonte. A descrição do imóvel mostra que trata-se de uma loja de 50m² com mezanino de 30m², uma vaga em frente à entrada para estacionamento de veículo, aluguel mensal de R$2.500,00 acrescido do IPTU de R$120,00. O proprietário solicita um locatário com renda mensal de R$8.000,00 e não é preciso fiador/avalista. Mas o que fica para ser dito por último pela imobiliária é que existe a necessidade de se fazer um Seguro Fiança que pode variar de 9% a 16% do valor do aluguel, o que depende de qual seguradora vai aprovar o cadastro do potencial locatário. Só ai fica claro que não é preciso fiador porque ele foi substituído por outra modalidade de garantia para o locador que, no caso, é o Seguro Fiança.
Será que essa loja vai ser alugada rapidamente após esse ano de pandemia que hoje esta em seu pior momento? Aliás, estima-se que cerca de 20% dos imóveis comerciais estão fechados em Belo Horizonte à espera de um novo inquilino, mesmo com os preços dos aluguéis semelhantes aos de um ano atrás ou até bem menores. Vale lembrar que muitos locatários conseguiram descontos de até 50% no valor de seus aluguéis por um determinado período no início da pandemia através de negociações bem como a troca do índice usado para reajustar os valores dos contratos renovados com o uso do IPCA no lugar do IGPM, que aliás, chegou a 28,95% em fevereiro desse ano.
Como deve estar sendo o posicionamento de muitas das pessoas que investiram na aquisição de imóveis para serem alugados na expectativa de que gerariam um complemento financeiro para os proventos da aposentadoria? Imaginemos o que é ter, de repente, um imóvel desocupado pois o inquilino não consegue mais pagar o preço contratual enquanto o proprietário não renegocia nada, na certeza de que não pode fazer nenhuma concessão para não prejudicar seu próprio orçamento. O inquilino devolve o imóvel e o proprietário, além de ficar sem o dinheiro do aluguel – mesmo pagando 15 % de imposto de renda e 10% de taxa de administração da imobiliária – ainda tem de arcar com o IPTU e o condomínio no caso de um edifício, por exemplo.
Não tenho a pretensão de esgotar o assunto, mas reflita um pouco sobre o que você faria se estivesse numa situação como a descrita aqui.