A pandemia da Covid-19 surpreendeu a todos, de uma maneira ou de outra, e exigiu muita criatividade na busca por soluções imediatas para problemas inesperados. Ficou visível a necessidade de se ter estratégias de sobrevivência diante de tanta ameaça.
Agora estamos passando pelo 16º mês de pandemia preocupados com sinais de uma 3ª onda e na esperança do aumento da velocidade da vacinação. Que avaliação já podemos fazer de alguns aspectos evidenciados com maior frequência após a expansão do homeoffice – trabalho profissional em casa? Se ele era uma leve tendência antes, tornou-se uma realidade imediata na pandemia. A necessidade vem sendo encarada com diferentes graus de estruturação lógica ou simplesmente sendo feita através do delineamento de experimentos com os erros, ajustes e acertos inerentes ao processo.
Vou relatar a experiência de dois profissionais que estão mergulhados no trabalho em casa. Um deles é graduado em Engenharia Mecânica, especializado em Gestão de Negócios, tem 29 anos e é analista de dados numa empresa do segmento de telecomunicações. O outro é bacharel em Ciências da Computação, também com 29 anos, e trabalha como gerente de tecnologia da informação num banco digital.
Na avaliação deles, e é claro que a amostra não é representativa do todo mas tem sua importância enquanto observação, essa modalidade de trabalho veio para ficar e sua adequação ocorrerá permanentemente em função da natureza e do porte dos negócios conforme suas especificidades e localização geográfica de seus mercados.
Segundo eles, os primeiros meses foram extremamente desafiantes, pois muitas coisas tiveram que ser feitas rapidamente para assegurar uma estrutura consistente ao mesmo tempo em que o mercado abalado aguardava as entregas. Em meio às incertezas, medo e insegurança vieram uma extensão de jornadas de trabalho, muitas chamadas a qualquer instante pelos dispositivos tecnológicos, como se a disponibilidade fosse permanente, o que na prática acaba acontecendo para as funções de confiança da direção em alguns segmentos privados. Assim, houve gente perdendo o horário clássico do almoço para “dar conta do recado”, outros desequilibraram o organismo diante de tantos fatores estressantes.
Nessa fase ficaram evidentes as dificuldades para ter em casa um local minimamente adequado para trabalhar à distância. Ainda hoje são muitos os que trabalham nas salas de visitas de suas casas, apartamentos ou edículas, nas mesmas limitadas condições do início dos processos atuais. Sendo assim, é possível ouvir durante uma transmissão o som de um televisor ligado, a fala de crianças, o latido de um cachorro, o barulho da reforma na moradia de um vizinho ou de uma obra na rua… E ainda assim na expectativa de que a conexão nunca caia.
Ainda quanto à saúde os dois profissionais falaram sobre queixas relativas a dores na cabeça, no pescoço e na coluna, além de secura nos olhos que piscam menos diante de tantas abas abertas na tela do computador. Citaram também as diferentes condições dos dispositivos tecnológicos, muitos dos quais não possuem câmeras, e das diferentes condições oferecidas pelas empresas para a sua aquisição, manutenção e demais gastos para a sua utilização.
A conversa foi mais longa, mas o espaço aqui acabou e espero voltar ao tema num outro momento. E você, o que acrescentaria, de imediato, ao que foi abordado nessa Pensata?