Eram muitas e diversas as expectativas daqueles que se envolveram, em diferentes níveis de intensidade, no primeiro turno das eleições. Agora só falta definir o Presidente da República e alguns Governadores no segundo turno, dia 30 de outubro.
Enquanto isso, podemos observar e analisar o processo eleitoral para evidenciar algumas percepções após os resultados trazidos e mostrados pelas urnas.
Será que as expectativas foram maiores do que a realidade? Até que ponto os desejos dos participantes do processo eleitoral puderam se concretizar? A polarização se cristalizou entre progressistas e conservadores, que juntos somaram 91,63% dos votos válidos, mas não foi suficiente para resolver a disputa no primeiro turno. Os votos brancos e nulos ficaram em 4,41%, bem abaixo dos 8,79% registrados no mesmo turno de 2018.
A abstenção continuou crescendo e chegou a 32,7 milhões de pessoas, 20,95% do universo de 156,4 milhões de eleitores aptos a votar. Em 2018, a abstenção no mesmo turno foi de 29,9 milhões de pessoas, 20,33% dos 147, 3 milhões aptos.
Outra percepção importante durante a campanha eleitoral foi a grande quantidade de citações do tipo “Eu fiz, eu fiz isso e aquilo…”, principalmente os candidatos a Presidente da República que tiveram ou tem mandato, e também Governadores em busca de reeleição, inclusive alguns se dizendo vítimas de heranças malditas.
Percebi a falta de programas e projetos mais detalhados sobre o que e como fazer para que o país volte a crescer e se desenvolver de maneira sustentável, que possa nos levar a um crescimento do PIB em torno de 4% ao ano e retirar o país do mapa da fome.
Quanto às pesquisas de intenção de votos, é importante reconhecer que elas refletem a situação daquele determinado momento em que foram feitas, mas não podem ser vistas como um prognóstico. Não dá para simplesmente demonizar os institutos de pesquisas e nem para negar a matemática ou se esquecer que tudo é feito por amostragem em determinadas situações e condições de contorno.
O que sempre pode ser feito é a melhoria continua dos métodos e técnicas de pesquisas por exemplo, como captar melhor o percentual de eleitores que vão se abster de ir às urnas, focar mais na medição espontânea de intenção de voto ou apresentar uma menor quantidade de perguntas durante a pesquisa…
Vale também registrar a percepção dos índices relativamente baixos na renovação da composição do poder legislativo. Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais 52 dos 77 deputados se reelegeram , ou seja , a renovação foi de apenas 32% (25 novos eleitos).
Outras observações importantes podem ser feitas em relação aos novos campeões de votos, ao decaimento de campeões de eleições anteriores, às derrotas de parlamentares que chegaram a acumular de 4 a 7 mandatos e as novas configurações de bancadas como as do agronegócio, da segurança, da saúde…
Realce também deve ser dado à confiabilidade, segurança e integridade das urnas eletrônicas e do sistema eleitoral, mais uma vez comprovadas. Não nos esqueçamos que muitas foram as tentativas infundadas de colocar as urnas eletrônicas sob suspeição. Imaginemos um questionamento desse tipo em relação à segurança do sistema da Receita Federal, do INSS, dos laboratórios de análises clínicas ou do sistema bancário, por exemplo.
Por último lembremos que 15 dos 32 partidos políticos do país não tiveram desempenho eleitoral suficiente e caíram na cláusula de barreira da lei e ficarão impedidos de receber recursos públicos como os do questionadíssimo Fundo Eleitoral (R$ 4,9 bilhões nessa eleição).
Será que o comparecimento às urnas no segundo turno será maior do que no primeiro? A conferir…