A propósito da Pensata postada nesse blog em 9 de setembro sobre O aumento dos preços de planos de saúde, recebi diversos comentários de leitores em tons de observações e reclamações de clientes cujos contratos são regidos pelo Código de Defesa do Consumidor. Vou abordar apenas algumas delas a seguir, as mais citadas, em função do espaço disponível.
Uma reclamação generalizada é sobre o aumento de preços bem acima da inflação oficial medida pelo IPCA do IBGE que gera perda de poder aquisitivo e força uma readequação no orçamento individual ou familiar – recomposição salarial pelo índice oficial da inflação é considerada uma grande vitória na atual conjuntura. Vale lembrar que o Boletim Focus do Banco Central está projetando em 4,8% o índice da inflação desse ano. Outro comentário muito frequente foi sobre a dificuldade para a marcação de consultas pelo plano em datas mais próximas do surgimento da necessidade do cliente. Muitos profissionais estabelecem uma cota mensal para atender aos planos e é por isso que a espera chega fácil a 90 dias. Se for particular pode até surgir uma vaga no final do mesmo dia ou então no dia seguinte. O encaixe na agenda é visto com boa vontade.
Existem muitos casos narrados de profissionais que cobram a primeira consulta e de outros em números cada vez mais crescentes, que só atendem no particular e usam o plano para solicitar exames de apoio ao diagnóstico e internação hospitalar. Aliás, os exames também sofrem os limites técnicos definidos pelos contratos além das próprias metas internas dos planos para a redução de custos. Eles querem reduzir de qualquer maneira o índice de sinistralidade, ou seja, o risco de seu cliente ficar doente, perder a saúde e aumentar a demanda pela prestação de serviços.
Outro aspecto importante, também muito abordado foi a cobrança de um complemento ao preço da tabela do plano. A justificativa é que a tabela está defasada com relação ao mercado privado.
Geralmente esse pagamento deve ser feito em espécie, dinheiro vivo – em reais, dólares ou euros, nada de pix ou cartão de crédito. Não é necessário deixar rastros. Os procedimentos mais citados foram os de obstetrícia – pré natal e acompanhamento do parto, cirurgia de próstata a laser, lentes importadas para cirurgias de catarata, acompanhamento neurológico, principalmente em idades mais avançadas e cardiologia. Por último, é preciso registrar a frieza, indiferença ou falta de educação de alguns profissionais ao se relacionar com os clientes. Nenhuma empatia e muito autoritarismo.
Como se vê, a Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS tem muito o que fazer para cumprir a sua missão de regular e fiscalizar esse segmento da economia.