por Convidado ,
*por Sérgio Marchetti
Enfim, chegamos ao final do sofrido e inusitado ano de 2020. Aos poucos, como um maratonista alquebrado e sem fôlego, mas que não se entrega ao cansaço, estamos próximos da linha de chegada. O mês do nascimento de Jesus, provavelmente, representa apenas o “box” – parada para descanso de uma jornada que nos surpreendeu com chuvas acima da média, queimadas recordistas e uma pandemia que encerrou os sonhos de tantas pessoas.
Em dezembro passado escrevi neste espaço que acreditava em dias melhores. Meu realismo “Nostradamicus” havia sido corrompido, possivelmente, por milhares de mensagens de otimismo que me levaram a fazer previsões ilusórias de que viria a bonança. Tive esperanças e acreditei mesmo. Não aconteceu. Vieram as tempestades, infelizmente.
E, falando nisso, peço licença aos meus bem-aventurados leitores para fazer um aparte. Vocês já devem ter percebido que as pessoas mais realistas acabam fingindo que acreditam num monte de baboseiras que, certamente, extrapolam os dogmas do pensamento positivo? Perceberam que, caso não concordem com certas extravagâncias, vocês serão taxados de pessimistas?
Entretanto, cabe a lembrança de que o pêndulo da vida, a temperança, está no centro das coisas, assim como o realismo é o ponto de equilíbrio entre o otimismo e o pessimismo – o que não significa que eu seja contra o otimismo. Creio que haja um momento para cada sentimento, e a esperança chega a ser milagrosa, sim, desde que exista a possibilidade de que algo se concretize. O autoengano, uma das faces do otimismo, nos leva à procrastinação de um ato que não irá acontecer e, certamente, não nos levará ao pódio.
Estão pensando que não acredito em dias melhores? Erraram. E, já que estamos falando em otimismo, creiam, meus fervorosos leitores, continuarei persistindo em minhas profecias de que 2021 nos será mais favorável. Transfiro todos os planos sonhados e os objetivos malogrados para o próximo ano e convido-os a refazerem seus propósitos com os pés no chão, mas com a alma nas estrelas. Afinal, merecemos momentos mais agradáveis.
Tudo isso me remete a um fato, ocorrido há muitos anos, numa empresa em que eu era recém-admitido e para a qual havia elaborado um projeto de mudanças e melhorias. Um dos gerentes, ao final de minha explanação, disse uma frase que me deixou feliz: “Agora vai…” e prosseguiu com um discurso de credibilidade, dizendo que havia esperado muito por aquela oportunidade, pois tentativas anteriores o haviam frustrado.
Num segundo momento, após a reunião, comentei com colegas sobre minha satisfação ao ver a reação do referido gerente. Recebi de volta um sorriso coletivo e, desconfiado, indaguei o porquê daquela risada. Tive como resposta de que não deveria levar em consideração aquele nobre colega, pois todos os anos, na reunião estratégica, a reação era sempre a mesma: “Agora vai…”
Mas, voltando ao fatídico 2020, contabilizamos perdas irreparáveis tanto de pessoas quanto financeiras. Porém, não temos outra opção a não ser nos reinventarmos e prosseguirmos em nossa corrida pelo circuito da vida. Para outros, foi um ano rentável e isento de doenças e perdas. Felizes são esses últimos que foram escolhidos e abençoados.
Diante de tudo isso e, apesar do ano frustrante, eu agradeço a Deus por estar aqui, chegando ao “box” para repouso, exaurido, mas grato por existir, resistir e trabalhar para ajudar pessoas a ressignificarem seus traumas e suas carreiras. Enfim, desejo a todos vocês que estiveram comigo e mantiveram viva a minha vontade de escrever, um Feliz Natal, pleno de harmonia e, carinhosamente, reafirmo em meu realismo, meio otimista, de que o ano novo nos possibilitará encontrar a paz que buscamos, a justiça, a alegria, a saúde, os encontros presenciais com abraços calorosos, e renovará a esperança de que as expectativas represadas transbordem e transformem nossos dias em conquistas.
Que tudo se realize em 2021.
Agora vai…
*Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.