A vida é um risco que precisa de gestão permanentemente. “Viver é perigoso”, disse João Guimarães Rosa. Nessa toada muitas são as citações e afirmações que podem ser feitas em variados espectros da nossa cultura. Meu ponto aqui está ligado a possíveis perigos, armadilhas que podem estar no caminho das pessoas e causar quedas em casa, nas calçadas das vias públicas, no local de trabalho ou de lazer…  Aliás, sabemos da física que é livre a queda dos corpos.

Assim, não raro, ficamos sabendo de alguma ocorrência envolvendo pessoas próximas ou mesmo distantes que tiveram alguma queda com variadas consequências. Às vezes nós mesmos é que estamos na cena, apesar de muitos acreditarem que as coisas só acontecem com os outros. Recentemente chamou minha atenção a informação no portal de uma universidade dando conta da morte de um professor quase octogenário, aposentado e emérito, que teve uma queda dentro de casa e bateu a cabeça no chão. A causa da queda não foi divulgada. Também fiquei incomodado com o caso de um morador septuagenário do bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, que pisou em falso no buraco da calçada nas proximidades de uma padaria, acabou caindo e teve que se submeter a uma cirurgia no tornozelo da perna direita.

O fato é que segundo dados da Organização Mundial da Saúde as quedas são a segunda causa de mortes devido a lesões acidentais. Estima-se que cerca de 646 mil pessoas em todo o mundo morrem anualmente em consequência de quedas. Os idosos acima de 65 anos respondem pelo maior número de casos fatais. Outro dado importante é que em torno de 12%  dos idosos quebram algum osso ao cair e esse episódio pode criar neles o receio de que o evento possa vir a se repetir. Podemos também pensar na quantidade de pessoas que ficam sequeladas em diferentes graus devido à algum tipo de queda.

É óbvio que devemos conhecer as causas que levam as pessoas a ter uma queda e agir para aumentar a consciência de todos no sentido de evitar esse efeito tão indesejado. É preciso observar condições perigosas dentro de casa. Às vezes pode ser um piso muito encerado, cheio de tapetes esparramados, o excesso de móveis ou uma banheira com altura que exige um passo mais alto para ser acessada.

Por outro lado, é importante que as pessoas verifiquem seu estado de saúde, principalmente as mais idosas, para conferir seus níveis de pressão arterial, condições visuais, auditivas e motoras pois qualquer deficiência importante pode ser um facilitador para as quedas. Imagine alguém sentindo uma tonteira ao começar a descer uma escada de 4 degraus sem corrimão, por exemplo. São demais os perigos dessa vida. Estou citando casos simples que chamam a nossa atenção. Se olharmos as condições de muitas vias públicas veremos os riscos permanentes que corremos nos municípios pouco cuidadosos com a segurança de seus cidadãos, que também poderiam ser mais atentos e participativos. Mas se vier o pior a quem caberá cuidar do acidentado? É… aí o trem fica feio!