As confraternizações de fim de ano no local de trabalho, seja ele público ou privado, as conhecidas “festas da firma”, ganharam um bom fôlego neste mês. O mesmo mês de dezembro do ano passado parece ter deixado muitas pessoas com saudades desse tipo de evento.
É interessante notar algumas perguntas clássicas que surgem entre as pessoas que estão conseguindo trabalhar formalmente, principalmente com a carteira assinada ou concursados no serviço público, nestes tempos tão bicudos marcados pelas estratégias de sobrevivência. Geralmente alguém pergunta para o outro se haverá uma festa ou encontro no trabalho nesse final de ano e se a pessoa está disposta a comparecer, se haverá troca de presentes no modo amigo secreto ou oculto (qual o valor máximo e mínimo), quanto vai custar o evento, quem bancará, se vai sobrar a conta para ser dividida entre os participantes e assim por diante.
Mas que motivos teriam as pessoas para ir ou não ir a esse tipo de encontro depois de tudo de bom e de ruim que aconteceu ao longo do ano? As mágoas ainda marcam os corações após as trombadas. Ainda mais se forem com o chefe que não é gestor pela liderança e que termina a parada em qualquer embate no melhor estilo do “manda quem pode e obedece quem tem juízo”. Tudo isso apesar do discurso enaltecendo – sem praticar – o respeito às pessoas, o processo de trabalho participativo, o clima organizacional favorável à obtenção de resultados/entregas, as perspectivas de crescimento profissional, a transparência…
Muitos dizem que o comparecimento será uma forma de ficar bem politicamente com todo mundo em seus diversos níveis de cargos e funções. Outros dizem que é hora de perdoar, reconciliar e de ter esperança em dias melhores nas relações de trabalho, acreditando que os outros também poderão mudar.
Também dá para lembrar daqueles que dão uma passada básica pela festa para ficar “bem na fita” e aqueles que agradecem a Deus por estarem de férias durante todo o mês de dezembro, o que traz uma boa justificativa perante os que observam e analisam as causas que levam alguém a não comparecer a esse tipo de evento, que alguns consideram ser uma extensão do trabalho.
“Um pouco de hipocrisia não faz mal a ninguém”, costumam dizer os que tem um alto Índice de Viração Própria- IVP.
Se “o melhor da festa é esperar por ela”, podemos também ter expectativas em relação aos “babados e bafões” que terão repercussão durante a própria festa e após o seu término. Geralmente existem alguns participantes que se entusiasmam com as bebidas alcoólicas e de repente começam a falar tudo o que pensam, estimulados pelo “soro da verdade”.
Existem aqueles que emitem pareceres sobre o desempenho de colegas e dizem que demitiriam determinados chefes num verdadeiro ato de sincericídio – sinceridade suicida. Vale realçar os que repetem várias vezes declarações do tipo “gosto muito de você”, ” te admiro muito no seu modo de ser” e “desculpe-me por qualquer coisa ao longo do ano”. Alguns sinceramente choram diante de tanta emoção.
Interessante é notar a vergonha daqueles que ficam fechados em suas salas no primeiro dia de trabalho após a festa e só circulam pelos corredores quando estritamente necessário. Existem também os que reclamam porque deram um presente de amigo secreto no valor do teto estabelecido e receberam um presente no menor valor fixado.
Enfim, pode acontecer um pouco de tudo, mas com certeza muita gente estará de olho na tela do celular o maior tempo possível. Provavelmente existirão aqueles que se perguntarão se aquele ambiente, provavelmente fechado, poderia ser transformado num verdadeiro “covidário” diante da aglomeração e da dispensa das máscaras. E você, caro leitor, como tem sido a sua experiência diante desse tipo de confraternização no trabalho?