O Rio de Janeiro parece que já acabou e o povo não foi comunicado. A imagem que se passa é que os poderes estão podres e foram jogados no lixo. A sua beleza natural está sucumbida pela corrupção endêmica que afeta todas as instituições cariocas, claro, com raras exceções. A 'Cidade Maravilhosa' foi atingida na última semana por enchentes que causaram mortes, destruição e danos irreparáveis em várias partes do Rio. Isto, sem contar com a guera entre traficantes pelo controle de venda de drogas e armas nos morros. Além do poder das milícias nas comunidades carentes do estado. Agora, dez jovens sonhadores morreram sem ter direito de realizarem seus sonhos de um dia poder dar dignidade aos seus familiares através do futebol. O futebol também não escapa das maracutais que existem ao seu redor. Dirigentes entram quebrados e saem milionários deste esporte que é a paixão do povo brasileiro. Clubes da elite nacional pagam salários estratosféricos aos seus atletas, mesmo devendo uma fortuna ao governo federal.

Refinanciam suas dívidas sem ter o menor constrangimento em fazer contratações a peso de ouro. Os investimentos são altíssimos, principalmente nos clubes da elite do futebol. As estruturas de seus Centros de Treinamentos (CTs), são de verdadeiros hotéis de luxo. Isto para os atletas profissionais. Mas o que aconteceu com os meninos do Flamengo? Será que eles tinham um local com conforto e segurança?.

O CT do Flamengo em Vargem Grande, custou R$ 23 milhões. Somando isso aos R$ 15 milhões do módulo 2, de 2016, chega-se ao investimento de R$ 38 milhões. Irônico que, a dez metros do luxo estava um parque de contêineres. Foi lá que, na madrugada de quinta para sexta-feira (8), um incêndio matou dez jogadores da base flamenguista.

Milhares de adolescentes espalhados pelo Brasil afora sonham em um dia se tornarem jogadores profissionais de futebol. Eles se espelham em seus ídolos, e deixam suas casas e famílias em busca de realizarem o sonho de serem reconhecidos no mundo da bola. Sonho este, de alcançar uma chance de passar pela conhecida "peneira'- teste onde os jovens são submetidos aos treinos sob os olhares dos treinadores e olheiros dos clubes - onde tudo começa na vida desses meninos. Toda essa trajetória tem começo, meio e fim. Muitos são dispensados nessas "peneiras", se decepcionam e ficam pelo meio do caminho, outros não desistem e conseguem seguir em frente. Foi o que aconteceu com esses meninos do Flamengo.

Eles morreram pelo clube que não protegeu suas vidas. Agora só fica a dor e a tristeza dos familiares que também viam em seus filhos uma oportunidade de terem uma vida melhor. Seus sonhos jamais poderão se tornar realidade. Esses meninos serão sempre lembrados pelos mais de trinta e cinco milhões de torcedores flamenguistas espalhados pelo Brasil. Quem sabe se um dia poderiam ser reconhecidos como ídolos... Agora estarão marcados para sempre na letra do hino flamenguista: " Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer"...