A Organização das Nações Unidas – ONU estabeleceu que 3 de dezembro é o Dia Mundial das Pessoas com Deficiência. Esta é uma das formas usadas para se chamar a atenção sobre a complexa arte do convívio social de todos os dias com as restrições que limitam as condições funcionais das pessoas. Segundo dados da ONU, chega a um bilhão a quantidade de pessoas no mundo que possuem algum tipo de deficiência de vários níveis e graus. Isto equivale a 15% dos habitantes do planeta Terra, que hoje é habitado por sete bilhões de pessoas.
No Brasil, o Censo do IBGE realizado em 2010 mostrou que, do total da população brasileira, 23,9% (45,6 milhões de pessoas) declararam ter algum tipo de deficiência. Dentre elas a mais citada foi a deficiência visual, que atingia 3,5% da população. Em seguida estavam as deficiências motoras, com 2,3%, as intelectuais (1,4%) e as auditivas (1,1%).
Estima-se que ao final de 2018 o Brasil possuía pouco mais de 6,5 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual, dos quais em torno de 582 mil com cegueira congênita ou adquirida ao longo do curso da vida.
Um dado interessante que também aparece em pesquisas sobre o tema é que em torno de 70% das pessoas com algum tipo de deficiência preferem não assumir que as possuem. Isso pode impedir, pelo menos às pessoas mais atentas, algum tipo de ação mais solidária diante das necessidades inerentes à deficiência. É claro que nesse e em outros casos de ajuda espero que a mesma seja respeitosa, não invasiva e sem causar constrangimentos.
O ponto para o qual quero chamar a atenção aqui é sobre o que e como fazer para aumentar a quantidade de pessoas que conseguem perceber que, em seu ambiente, podem estar presentes pessoas com deficiência. Podemos imaginar, por exemplo uma pessoa idosa, com deficiência motora e usando uma bengala caminhando na calçada rumo à entrada de uma instituição financeira. De repente passa por ela uma apressada pessoa digitando ao celular e, sem percebê-la, ainda tromba em sua bengala e prossegue caminhando sem notar que causou sua queda. Dezenas de outros exemplos podem ser citados, como a não percepção de alguém com autismo, uma pessoa falando muito alto com um deficiente visual a ponto de ser obrigado a lembrá-la que não é surdo, apenas enxerga mal ou mesmo um cadeirante tentando entrar num edifício não amigável em termos de acessibilidade.
Muitos ainda são aqueles que, plenos hoje, podem vir a adquirir no futuro uma deficiência que venha a exigir um pouco mais de solidariedade no convívio social. Ah! mas como as coisas só acontecem com os outros, de repente o amanhã, quem sabe, será apenas mais outro dia e só restará o cumprimento da lei de Murici, bradando que “cada um cuida de si”.