Para quem está acompanhando o andamento do calendário eleitoral, definido pela pequena reforma política de um ano atrás, chegou a hora da definição das candidaturas. Segundo a lei em vigor quem é candidato pode ir às urnas pelo seu próprio partido político ou juntar forças se coligando com outros partidos. Hoje faltam apenas 62 dias para o 1º turno das eleições e encerrou-se ontem o prazo de realização das convenções partidárias, que definiram quem serão os candidatos e se haverá coligações com outros partidos. Todas as candidaturas precisam ser registradas na Justiça Eleitoral até 15 de agosto. Daqui para frente tudo acontecerá muito rapidamente durante os 35 dias de duração da campanha eleitoral explicitada pela lei.
Depois de termos aguentado tantos desejos de postulantes à Presidência da República, se intitulando pré-candidatos para não infringir a lei, vimos o cargo de vice-presidente ganhar mais valor. Candidato a vice também ficou mais difícil de ser encontrado em função das demoradas negociações nos próprios partidos e nas composições com outras legendas. Afinal existem 35 partidos políticos no país que terão que provar o seu valor para enfrentar as cláusulas de barreira previstas na lei eleitoral. Também valem muito nesse mercado eleitoral as 513 vagas de deputados federais que formarão as bancadas dos diversos partidos, pois os recursos públicos do fundo eleitoral para o financiamento das campanhas serão distribuídos em função do tamanho das respectivas bancadas a serem eleitas em 7 de outubro.
Há diversos fatos presentes no noticiário das eleições nas diversas mídias. Muito se fala das coligações partidárias em busca de mais tempo para propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV. Também se destacou o fraco desempenho de muitos candidatos à Presidência da República, medido em diversos tipos de pesquisas de intenção de votos. Porém, quero destacar neste espaço a primeira coligação que foi definida. Mais precisamente o destaque é para o comentário do Senador Romero Jucá (MDB Roraima) diante da coligação para a disputa da Presidência da República feita pelo PSDB com o “Centrão” formado pelo DEM, PP, PR, SD e PRB – aliás sempre acostumados a viver no poder. O Senador disse que:
“O Centrão é uma manifestação política, o Centrão não tem dono, ali só tem gente esperta”.
Vale lembrar que o Senador do MDB está participando do poder com extrema assiduidade nos últimos 6 períodos de mandatos presidenciais. Será que ele estava pensando sobre o butim que foi acertado entre os partidos caso a coligação que formaram seja a vencedora das eleições presidenciais? Ministérios, empresas estatais, cargos de confiança nomeados por recrutamento amplo (sem concurso)… já foram todos loteados.
Segundo alguns dicionários da língua portuguesa os verbetes mais apropriados para nos ajudar a entender o que é o butim eleitoral podem ser “o que se ganha”, segundo o verbete do Aurélio, ou “proveito, lucro”, na definição do Houaiss. Como é bom estar e permanecer no poder!