Estamos, aqui e agora, no aeroporto do tempo, agilizando os preparativos de decolagem para 2018. Na mala, esperança, otimismo, agradecimentos, entusiasmo, reconhecimentos, vontade, crença.
Na fila do check-in, observo que as atendentes não permitem, na bagagem, mágoas, ressentimentos, maldades, egoísmos, cobiça, inveja e solicitam que um questionário muito pequeno seja preenchido. E, ao fazê-lo, descobrimos porque a fila é extremamente lenta. É que são duas perguntas simples, de respostas complexas: como você sintetiza os resultados de seus projetos em 2017? Quais são seus planos para 2018? O atraso na fila ocorre porque as pessoas assustam-se com as perguntas, sendo que algumas chegam a se descontrolar. Tardiamente constatam que deixaram de fazer (ou poderiam ter feito melhor) alguma coisa fundamental, gerando prejuízos para si próprios ou para seus semelhantes. Ou não se planejaram para 2018!...
Uma grande angústia toma conta dessas pessoas, na medida em que fazem um retrospecto de 2017, colocando como protagonista o seu semelhante. Aí, a inevitável pergunta: por que países, como Japão, Alemanha, Inglaterra, Coréia do Sul, dentre outros, afligidos por guerras históricas, dizimados, destroçados, que, tal como Fênix, ressurgiram das cinzas e, hoje, são potências mundiais? Porque os governos locais investiram nas pessoas, pois entenderam que elas seriam as responsáveis pelos respectivos soerguimentos nacionais. Certamente, o grande investimento foi na Educação! Não apenas na educação formal, mas na educação integral, com destaque para o fortalecimento da personalidade individual e do caráter nacional. E não atribuíram essa responsabilidade apenas às escolas, mas, também, a outras instituições, como a família, a igreja, às comunidades, associações, etc. Em síntese, um enorme esforço sinérgico, visando a purificar o ser humano, qualificando-o à reconstrução e à gestão de uma verdadeira pátria.
E, continuando o retrospecto, por que o Brasil é um país rico, mas de povo pobre? Por que nosso país, abundante em riquezas naturais, começando pela água, e generosamente poupado de grandes desastres naturais, tem um povo que sofre, minimamente, com dois ciclos cruéis: o da dor, que se inicia com a criminalidade violenta, e o do fedor, que se inicia com a podridão da corrupção? Porque investir em Educação não é prioridade em nosso país e, lamentavelmente, um grupo de indivíduos, com desvio de caráter, aterroriza o grosso da população, que nem coragem tem para exigir do governo providências.
A fila da decolagem é um ótimo lugar para meditação. E veio à lembrança o fato de a Educação ter vários ramos, como, por exemplo, os valores sociais e, dentro deles, vários subprodutos, como o respeito. Nesse momento, como uma ação de autodefesa ou de alerta, ouve-se uma estridente sirene, cujo volume se reduzia com o aumento do coro, bradando no saguão do aeroporto: Respeito! Respeito! Respeito!...
Mais uma vez, comparando nosso país com outros, constatamos que nossa pobreza tem raízes na inobservância de valores éticos e morais, com destaque para o respeito. Já se ouviu dizer que o lugar em que o brasileiro mais se socializa é nas filas, (com destaque para as de bancos, que não respeitam prazos para atendimento), onde fala mal do governo e de políticos. Uma ação catártica pontual, cíclica e ineficaz!... Melhor seria se aderisse ao coro do saguão do aeroporto, lutando pelo fortalecimento do respeito. O Brasil somos nós! O caráter nacional é a soma dos caracteres individuais!
Assim, a grande jornada em 2018 deve ser a socialização, priorizando o respeito, compreendendo, entendendo, internalizando, praticando, difundindo seu aspecto fundamental em nossas vidas.
Peço desculpas a quem devo gratidão, pois abro minha mala, revejo a bagagem ali instalada e constato que há muita coisa que posso trocar por maior quantidade de respeito, que será minha bandeira em 2018. Aliás, nossa, pois, pela movimentação, meus companheiros de vôo também estão reexaminando a bagagem.
(*) Coronel Reformado da PMMG
Foi Comandante da Região Metropolitana de BH