Jair Bolsonaro foi eleito, em suma, com campanha pela internet e menos de R$ 3 milhões. Três fatores traduzem a vitória do capitão reformado do Exército como marco histórico na política brasileira. Deputado do chamado “baixo clero”, pavimentou a campanha vitoriosa nas redes sociais e, a despeito de denúncias, capitaneou milhares de militantes voluntários. Fez uma campanha enxuta, se comparada com as dos concorrentes, e liderou a arrecadação por meio do financiamento coletivo, chamado de “vaquinha”. Vítima de uma facada ainda no primeiro turno, quando tinha apenas 8 segundos de tempo de TV, Bolsonaro teve impulsionada sua exposição. O atentado também serviu de argumento para o candidato reforçar a defesa de duras medida para combater a insegurança.
Refluxo
Apesar da vitória, o refluxo da onda bolsonarista no segundo turno foi analisado nos últimos dias pelo próprio presidente eleito e coordenadores da campanha após a vitória nas urnas. Pesou a declaração do filho (Eduardo Bolsonaro) insinuando, em vídeo e em tom jocoso, o fechamento do Supremo Tribunal Federal.
Discurso
O duro discurso de Bolsonaro, transmitido no ato promovido por apoiadores na avenida Paulista, também foi visto como tropeço desnecessário na reta final. O deputado prometeu “varrer do mapa esses bandidos vermelhos do Brasil”. O recuo em algumas propostas, como fusão de ministérios, pegou de surpresa bolsonaristas ortodoxos.
Erros
Dirigentes petistas também elencaram os erros que levaram à derrota de Fernando Haddad. Um deles, a demora em admitir publicamente os erros do partido, além de falhas na articulação para chegar ao segundo turno com uma frente ampla de esquerda.
Reinado
A derrota de Antônio Anastasia (PSDB) em Minas Gerais sepulta de vez o reinado político de Aécio Neves no Estado. Fragilizado no PSDB após o escândalo do áudio com o dono da JBS, Joesley Batista, restou ao tucano o ostracismo do mandato na Câmara. Chega a Brasília apenas como o 19º deputado mais votado do Estado.
Mídia
Vice de Fernando Haddad (PT), Manuela D’Ávila disse “aproveitem a liberdade de imprensa”, mas é o seu PCdoB quem tem projeto de regulação da mídia na Câmara Federal. E criação de Conselho de Jornalistas... para eventuais punições.
MDB inédito
Caciques do MDB apostam na presidência do Senado para manter a força do partido no Congresso e, em situação inédita, fazer oposição ao Palácio do Planalto. Governista histórico, o MDB se aliou aos últimos governos – do PT e PSDB – em troca de ministérios e cargos.
Renan x Tebet
Apesar da redução, o MDB permanece com a maior bancada no Senado, com 12 senadores. Dois deles despontam como eventuais candidatos: Renan Calheiros (AL) e Simone Tebet (MS). Renan está em plena campanha e conta, inclusive, com apoio da bancada do PT.
Fachada
Passadas as eleições, a força-tarefa do Ministério Público Eleitoral irá analisar as centenas de denúncias de fraudes relacionadas ao cumprimento das cotas para candidaturas femininas. São evidentes as suspeitas de candidaturas de fachada para cumprir a cota de 30% de mulheres candidatas determinada pela Justiça Eleitoral.
Panfletos
Várias mulheres relataram ao MPE que não receberam nenhum recurso e acabaram se endividando na campanha. Outras disseram que receberam santinhos dos partidos, mas não tiveram recursos para contratar cabos eleitorais para distribuí-los.
Vida que segue
Jaques Wagner vai conhecer o novo gabinete no Senado, nesta terça, 30, em Brasília. Na quinta-feira, o ex-governador da Bahia vai visitar o presidente.
Memórias
Neto do ex-governador Leonel Brizola, Carlito Brizola começou a organizar um livro de memórias sobre seu avô. Nascido no exílio da família, em 1978, no Uruguai, o filho do ex-deputado José Vicente Brizola e da jornalista Nereida Daudt adianta: “Anotei todas as histórias que ele contava. Agora, que a política passa por momento de obscurantismo, resolvi passar para o papel todas as lembranças”.
Homenagem
Carlos Alberto Serpa, professor de Engenharia pela PUC do Rio, recebeu homenagem pelo Dia do Engenheiro concedida pelo Clube de Engenharia.