Já estamos mesmo depois do Carnaval, pois seus últimos movimentos se foram com o fim do desnecessário horário de verão. Ficou registrada a grande e crescente exuberância dessa festa popular, com o povo na rua esbanjando alegria, molejo, musicalidade e também deixando de maneira direta suas mensagens aos políticos partidários e aos poderes constituídos em todas as instâncias do Estado.
Mas, daqui pra a frente, que temas estarão em nossa pauta de anseios e preocupações para o horizonte próximo que, digamos, poderia ser imaginado para os futuros 365 dias? Dos temas bastante evidenciados antes do Carnaval, espero que o imoral auxílio moradia pago a uma super casta de servidores públicos – auxílio este isento de Imposto de Renda e contribuição previdenciária – seja finalmente julgado e derrubado pelo lento e caro Supremo Tribunal Federal. Dá até para imaginar a cara de constrangimento de suas Excelências caso a decisão lhes seja desfavorável e retificadora rumo ao cumprimento do Artigo 37 da Constituição Brasileira que afirma:
“a administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”.
Já a reforma da Previdência Social, que ainda era urgente antes do Carnaval embora estivesse no telhado pronta para cair, entrou em coma profundo após a decretação da intervenção federal na segurança pública no estado do Rio de Janeiro. Essa intervenção tornou-se mais um suspiro na tentativa do impopular Presidente da República de se agarrar a alguma coisa para não passar o resto do ano contemplando o triunfo do seu próprio fracasso. Ele até deu sorte quando o governador Pezão afirmou que perdeu o controle da segurança pública no Rio de Janeiro. Como quem não controla não gerencia, a oportunidade foi abraçada. Agora só falta fazer o restante, que vai desde a já obtida aprovação pelo Congresso Nacional até a formulação da estratégia para ser operada pelo Exército, que gerencia pelo comando e não pela liderança. Também estarão na pauta os recursos financeiros, materiais e humanos necessários, o clamor por segurança em diversas capitais de estados do Nordeste e do Centro-Oeste, a transformação do atual Ministério da Justiça e da Segurança em duas unidades independentes e uma grande expectativa para os resultados, que poderão ser alcançados em determinado espaço de tempo.
A pauta também espera por alguma informação sobre a correção da tabela do Imposto de Renda retido na fonte, cuja defasagem em relação à inflação oficial se acentuou muito nos últimos 20 anos.
Enquanto nada se resolve com mais concretude podemos também manter na pauta as nossas preocupações cotidianas com a manutenção ou obtenção de um trabalho para a sobrevivência, a segurança de cada um associada à sensação de insegurança, o preço da gasolina, do óleo diesel, do etanol e do gás de cozinha, as eleições de outubro, o que está sendo abordado nas redes sociais, a intensidade das manifestações nas ruas…
A quaresma prossegue e a cada dia que passa a Páscoa se aproxima mais. Que passagem nos aguarda?