Mais uma tragédia envolvendo a mineradora Vale do Rio Doce deixa um rastro de mortes e destruição em Minas Gerais. Desta vez, foi um rompimento na barragem de rejeitos da Mina Feijão, nesta sexta-feira (26), em Brumadinho, Grande BH. Mais de 13 milhões de metros cúbicos de lama de minério foram levando tudo que encontravam pela frente, arrastando pessoas, casas, veículos, plantações, animais e causando danos irreparáveis ao meio ambiente, por uma grande extensão territorial do município. Não se sabe o número exato de vitimas fatais, mas informações dos Bombeiros dão conta que aproximadamente 300 pessoas pessoas estão desaparecidas.

A Vale do Rio Doce parece que não aprendeu nada com a tragédia de Mariana, com o rompimento da Baragem de Fundão, em 05 novembro de 2015. Neste caso, a responsabilidade foi da mineradora Samarco, que é controlada pela Vale e pela BHP Billiton. Este acidente ficou sendo considerado como um dos maiores desastres ambientais do mundo, e o maior no Brasil. A ganância dessas empresas mineradoras parece não ter limites. Promovem um discurso de que levam riquezas para os municípios onde estão explorando a extração do minério. Essa retórica chega a ser rídicula diante dos estragos ambientais que provocam na natureza. Basta verificar o que fizeram com a Serra do Curral, símbolo maior da capital dos mineiros. O poder político dessas empresas mineradoras é muito forte em vários setores da vida pública de Minas. Os órgãos fiscalizadores parecem que são complacentes com o setor mineral no estado. Não se tem notícias sobre os resultados das multas que são aplicadas às empresas que transgridem as leis ambientais.

O lobistas das mineradoras estão sempre presentes nas audiências públicas, onde matérias de interesses do setor são apreciadas pelos poderes legislativos. Essa influência passa a ser uma marca indelével nas votações, onde os parlamentares muitas das vezes são pressionados pelos representantes das empresas que exploram a atividade mineral em Minas e outros estados da Federação. A Vale do Rio Doce exerce um poder muito forte no meio político, já que sua atuação econômica é considerada uma das principais fontes de arrecadação de impostos nas cidades onde a empresa exerce sua atividade, e também pelos impostos que os estados recolhem.

O governo de Minas tem o dever de cobrar responsabilidade da Vale do Rio Doce pela catástrofe que atingiu o município de Brumadinho. Já o Ministério Publico tem que acompanhar com mais rigor e celeridade as investigações sobre as causas que motivaram mais um desastre ambiental, com consequências irreparáveis para todas as famílias vitimadas pela irresponsabilidade de quem deveria ter evitado o rompimento da barragem 1 da Mina Feijão. Com certeza veremos um empurra com a barriga durante o período em que durar as apurações desses fatos lamentáveis. Mas não devemos deixar que os poderes constituídos não sejam cobrados de forma mais contudente, até que tudo seja esclarecido e os culpados julgados na forma da lei. Não é admissível que influências externas tenham o poder de contaminar aquelas instituições que serão fundamentais na elucidação de mais uma tragédia em Minas provocada pela falta de fiscalização nas mineradoras que atuam no estado. Por enquanto, a Vale do Rio Doce está se transformando na Vale da morte e destruição. Esperamos que ela mude seu conceito!