Começou com uma forte gripe, acompanhada por febre. A visita ao hospital se tornou insistência e incerteza, em busca de uma internação. Um engenheiro e sua família estão vivendo a experiência desde a semana passada.
A consulta foi num grande hospital de Belo Horizonte, credenciado pelo plano de saúde complementar do engenheiro, que contratou uma modalidade de ampla cobertura. Ele enfrentou as dificuldades de praxe. Custou para conseguir um horário de atendimento, aguardou pacientemente o já clássico atraso do médico, que sempre tem suas razões.
Recebido pelo doutor, teve que fazer alguns exames de diagnóstico por imagem no próprio hospital, para que o profissional desse o veredito. Apesar do contrato amplo e das mensalidades em dia, a família gastou a pouca energia restante para conseguir liberar os exames junto à operadora.
Já perto das 21h, o médico informou que se tratava de uma pneumonia simples. Deveria ser tratada imediatamente, durante uma internação hospitalar. Depois dos outros percalços, abriu-se uma caixa de pandora. Sem apartamentos disponíveis para internação e sem ninguém para interceder, o paciente foi internado no pronto-atendimento, juntando-se a outros dez colegas em busca de alívio para suas dores. O hospital acenou, sem garantias, com a possibilidade de surgir alguma vaga no dia seguinte para internação em apartamento, modalidade coberta pelo plano.
Medicado, o engenheiro dormiu. Uma anti-ergonômica cadeira acomodava a vigília de sua esposa, que ficou do lado de fora, naquele ambiente pouco funcional.
No meio da tarde do dia seguinte, por volta das 16h, um apartamento foi liberado e prontamente ocupado por ele que, por sua vez, liberou uma vaga no pronto-atendimento. Vencida a batalha pela acomodação, o paciente foi informado do conclave. Os médicos se reuniriam à noite para, na manhã seguinte, apresentar diagnóstico mais conclusivo. Mais uma noite mal dormida pela frente.
O tratamento está em curso, ainda deve durar algumas semanas. A situação que vemos com mais frequência na mídia e nas histórias de “amigos de amigos” se torna lição quando próxima. A família adotou uma estratégia de sobrevivência. Mesmo assim, é impossível relevar a arrogância, o autoritarismo e a postura de proprietários da verdade manifestada por muitas das pessoas que fizeram parte desse processo de atendimento. Será que o plano de saúde não avalia a qualidade de seus fornecedores? O plano se dá por satisfeito apenas pelo simples fato de ter seus cliente atendidos, no tempo do fornecedor? Não dá para ajudar a esconder o que é ruim e só faturar o que é notícia boa.