‘NADA DE NOVO NO FRONT’
 
O produtor Daniel Dreifuss, do filme “Nada de novo no front”, que ganhou quatro prêmios na 95ª cerimônia do Oscar, realizada nesse domingo (12), em Los Angeles (EUA), é "mineiro de coração", vem todos os anos ao nosso Estado, e diz que está trabalhando em três produções brasileiras.

"Nada de novo no front" foi indicado a quatro categorias do Oscar e levou quatro estatuetas: de Melhor Filme Internacional, Melhor Fotografia, Direção de Arte e Trilha Sonora Original.

Natural da Escócia, Dreifuss veio morar em Belo Horizonte quando tinha apenas 2 anos. Ele cresceu divido entre a capital mineira e o RIo de Janeiro, até a adolescência. Há cerca de 20 anos mora em Los Angeles, onde concluiu um mestrado em produção no Instituto Americano de Cinema (American Film Institute).

Ele conta que costuma vir para o Brasil com frequência. “BH é uma cidade nostálgica, é minha cidade da infância. Todos os anos volto para rever minha mãe, que é carioca, mas mora em BH, e meus amigos. Sou apaixonado pelas tradições culturais de Minas, pela cultura brasileira, pela música e pelo samba”.
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A ligação com o Brasil influencia também a vida profissional. Em 2020, o escocês assinou a produção de “Sérgio”, estrelado pelo ator Wagner Moura, e disponível na plataforma Netflix.

Em entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, Daniel Dreifuss revela que está produzindo duas minisséries e um filme para o público brasileiro. Uma das produções é um romance que conta a história de mãe e filha ao longo de três décadas, com início ambientado na época da Ditadura Militar do Brasil, na década de 1960.

Ele também está trabalhando em uma obra de ficção baseada em um livro do jornalista Fernando Molica, além de um roteiro original, um thriller com fundo social, que se passa na contemporaneidade brasileira.

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(Distribuição / Netlfix)

‘Nada de novo no front’

Daniel Dreifuss trabalhou por cerca de 10 anos com o roteiro de “Nada de novo no front”. O filme, que retrata os horrores da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), é baseado no romance de ficção do escritor alemão Erich Maria Remarque. No entanto, os relatos de terror nos campos de batalha e os efeitos psicológicos sobre os soldados vêm da própria experiência do produtor "mineiro".

“Meu avô lutou na Primeira Guerra e o primo dele foi morto. Quando eu conheci o projeto, entendi que era uma maneira de honrar minha família e os milhões de jovens que perderam a vida de maneira estúpida, lutando por um pedaço de terra insignificante”, conta  Dreifuss.

Outra curiosidade da produção vencedora do Oscar é que, inicialmente, ela estava sendo produzida no Reino Unido, mas foi "levada" para a Alemanha nos últimos quatro anos de trabalhos.

“Eu quis fazer um filme visceral e independente. Por isso, em 2019, resolvi levar pra Alemanha e tentar fazer de uma forma mais autêntica por lá”, conta o produtor.

Para Daniel Dreifuss, o reconhecimento de tanto trabalho veio em 2023, forma de premiação.

"É uma alegria, um reconhecimento de muito esforço, de uma jornada. São anos de trabalho, de dedicação, de momentos difíceis do mercado cinematográfico. A fama é uma parte pequena disso tudo. Minha motivação é contar histórias de ídolos e de pessoas que me inspiram", destaca.

Vale destacar que o produtor "belo-horizontino" já havia sido indicado à maior premiação da Academia de Artes em 2013, pelo filme chileno ‘No’, do diretor Pablo Larraín e estrelado por Gael García Bernal. Esse foi o primeiro longa chileno indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional.